Tradução

quinta-feira, 29 de março de 2007

O Poder do Evangelho



Dave Hunt


"Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura".

"...evangelho... é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê..."

(Mc. 16:15/Rm 1.16).


A santidade e a justiça de Deus exigem que os pecadores sejam eternamente separados dEle. Ser cortado completa e eternamente daquele Amor pelo qual se foi criado equivalerá a arder com uma sede que se tornará cada vez mais insuportável. Mesmo assim, Deus, graciosa e gratuitamente oferece salvação dessa que é a mais terrível condenação. "O evangelho da graça de Deus" declara que Deus se tornou homem através de um nascimento virginal; que esse homem-Deus imaculado morreu pelos nossos pecados, satisfazendo Sua própria justiça através do sofrimento do castigo eterno que nós merecemos; que Ele ressuscitou ao terceiro dia; e que todos aqueles que crêem nEle são perdoados e recebem a vida eterna como um dom gratuito. A salvação é tão simples – e maravilhosa –; ela deve ser pregada com essa simplicidade.


O Evangelho puro que convence os ouvintes


Não são as credenciais acadêmicas, a oratória brilhante ou a persuasão do pregador, porém o Evangelho puro que convence os ouvintes. Não devemos atentar para sabedoria humana e zelo, a fim de embelezar, melhorar, ou de qualquer forma fazer o Evangelho mais atrativo para os perdidos. O Evangelho, apresentado em sua imutável pureza, é a mensagem que o Espírito Santo honra convencendo e dando convicção àqueles que O ouvem (Jo 16.8-11). Essa verdade deve voltar a concentrar a atenção dos evangélicos!


Ao contrário da crença popular, perícia na pregação (a "homilética" ensinada no seminário) não tem capacidade de ajudar, antes atrapalha a comunicação do Evangelho. O domínio da oratória ou das técnicas de vendas mais recentes pode ser útil numa profissão secular, mas não "na loucura da pregação". A não ser que tais metodologias e capacidades sejam colocadas de lado para proclamar a verdade de Deus, elas obscurecem o Evangelho.


Mesmo que o acima exposto possa parecer uma perspectiva extremista e anti-intelectual, tal foi o ensinamento e a prática do apóstolo Paulo. Rabino bem instruído, Paulo era, sem dúvida, um eloqüente orador que podia influenciar qualquer platéia. Todavia, na pregação do Evangelho, ele deliberadamente deixava de lado a "ostentação de linguagem" (1 Co 2.1) e cuidadosamente evitava as "palavras ensinadas pela sabedoria humana" (v. 13). Sabendo que suas próprias idéias, embelezamentos e habilidades persuasivas eram empecilhos ao invés de auxílios, o grande apóstolo ficou diante de sua audiência "em fraqueza, temor e grande tremor" (v. 3).



Devemos proceder da mesma forma.


Paulo declarou que a sabedoria de palavra anula a cruz de Cristo (comp. 1 Co 1.17). Portanto, ele determinou que sua pregação não consistiria em "linguagem persuasiva de sabedoria [humana], mas em demonstração do Espírito e de poder" para que a fé de seus convertidos "não se apoiasse em sabedoria humana; e, sim, no poder de Deus" (1 Co 2.4-5). Todavia, muitos cristãos bem-intencionados fazem exatamente o que Paulo evitava, convencidos de que o Evangelho e o Espírito Santo necessitam da ajuda do conhecimento, da persuasão psicológica e de uma embalagem promocional moderna. Conseqüentemente, a fé de muitos crentes hoje está firmada na sabedoria humana em vez de no poder de Deus – podendo assim, da mesma forma, ser minada por argumentos humanos.


Comprometimento e negação do Evangelho


O Evangelho está sendo comprometido e até mesmo negado por muitos cristãos confessos. Os termos "espiritual" ou "espiritualidade" legitimam muito engano. "Espiritualidade" agora é evidenciada pelo ecumenismo e realçada pelas técnicas da Nova Era. A revista evangélica americana Christianity Today (Cristianismo Hoje) de 11/8/93 referiu-se favoravelmente a respeito de um movimento rumo à maturidade espiritual aparentemente muito espalhado. Infelizmente, na sua promoção de "espiritualidade moderna", a Christianity Today apela para Richard Foster e suas técnicas de "oração contemplativa", que envolvem a passividade e a visualização ensinadas por ocultistas como Inácio de Loyola (fundador dos jesuítas) e Agnes Sanford (veja os livros "A Sedução do Cristianismo" e "Escapando da Sedução"). Muitos artigos [da revista] sustentam que o catolicismo romano faz parte de um "cristianismo sadio".


Introduzindo um artigo principal, o editor executivo da Christianity Today exalta o místico católico romano Thomas Merton por ter aberto um caminho para um relacionamento mais profundo com Deus, embora Merton, um seguidor da Nova Era, rejeitasse o Evangelho, sem cuja aceitação não se pode conhecer a Deus.


A motivação da pregação do Evangelho: o amor


Não são metodologias ou técnicas, mas verdade e amor que iniciam e amadurecem a vida espiritual no crente. Tampouco o genuíno amor por Deus e pelos outros pode brotar de qualquer outra coisa a não ser da aceitação e do reconhecimento do Evangelho (1 Jo 4.19). Aquela "velha história" revela o amor de Deus. Aqueles que a pregam em verdade devem ser motivados e fortalecidos por esse mesmo amor.


Bem, talvez você diga: "Eu não sou pastor ou pregador, e, assim sendo, recomendações tratando da pregação do Evangelho não se aplicam ao meu caso." "A loucura da pregação" inclui compartilhar de Cristo por sobre a cerca com um vizinho, ou com um amigo pelo telefone. O mandamento de Cristo para "pregar o evangelho" e "fazer discípulos" – a chamada "Grande Comissão" de Marcos 16.15 e Mateus 28.18-20 – se aplica igualmente a qualquer cristão do passado, do presente ou do futuro. Esse fato está claro nas palavras de Cristo, "ensinando-os (aos convertidos) a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado" (Mt 28.20). Os primeiros discípulos de Cristo deveriam ensinar seus convertidos a obedecer cada mandamento que Ele tinha dado a eles – incluindo pregar o Evangelho e ensinar seus convertidos a obedecer todos os mandamentos de Cristo igualmente. E assim até chegar aos nossos dias. Nós também devemos obedecer a tudo quanto Ele ordenou aos primeiros doze.


Cada convertido a Cristo é ordenado e fortalecido pelo Espírito Santo


Essas afirmações de Cristo corrigem uma quantidade de enganos populares, tais como a idéia de que Seus ensinamentos nos quatro Evangelhos são apenas para Israel, ou apenas para serem obedecidos no Milênio, e, assim sendo, não seriam para a Igreja hoje. Também fica eliminada a idéia de que "o evangelho do reino" que Cristo e Seus discípulos pregaram antes da cruz é, de alguma maneira, diferente daquele que é pregado para nós hoje. E uma das principais fontes do engano católico romano – que o papa é o sucessor de Pedro e que somente os integrantes da hierarquia de padres, bispos, cardeais, etc. são os sucessores dos outros apóstolos – também é desmentida. Cada convertido a Cristo é igualmente ordenado e fortalecido pelo Espírito Santo para obedecer tudo o que Cristo ordenou aos doze primeiros e conseqüentemente a agir usando toda a capacidade pela qual Ele os treinou e os comissionou.


Novos métodos e inovações


O Evangelho é a única solução para o problema do efeito destrutivo do pecado na vida diária. Ainda assim, muitos evangélicos perderam sua fé no poder do Evangelho e imaginam que algo mais é necessário; sejam programas atrativos, aconselhamento psicológico ou novas revelações de profetas modernos. Paulo se referiu à "loucura da pregação" porque o Evangelho simples que ele pregava era desprezado. O mesmo acontece em nossos dias.


Em contraste com a simplicidade e pureza do Evangelho apresentado nas Escrituras, novos métodos e inovações estão sendo empregados hoje. O Evangelho não é mais considerado como suficiente por si próprio. Atualmente é ensinado que crer no Evangelho poderá deixar hostes de demônios escondidos interiormente, remanescentes de pecados passados ou até mesmo de gerações anteriores. A Bíblia chama aquele que crê no Evangelho de "nova criatura" em Cristo; para quem "as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas" (2 Co 5.17; Gl 6.15). Negando essa clara verdade, "ministérios de libertação" têm surgido em grande número para expulsar os demônios dos cristãos.


"Batalha espiritual"


O Evangelho simples foi tudo o que os apóstolos precisaram e usaram. Ainda assim, muito tem sido acrescentado hoje em dia. Considere, por exemplo, a nova crença de que muitos cristãos (especialmente missionários regressantes) que passam por uma crise de "estresse" ou "esgotamento" desenvolvem múltiplas personalidades – outra heresia da psicologia. De acordo com o que se alega, a "libertação" se dá quando cada uma dessas personalidades é levada a crer em Cristo para a salvação! Estreitamente relacionado a isso está o "mapeamento espiritual", outra nova "febre" que Christianity Today chama de "uma técnica complicada e controvertida desenvolvida pelo missiólogo C. Peter Wagner, que alega poder identificar as fortalezas satânicas numa cidade..."


Há algum tempo lemos sobre a "Conferência Norte-Americana de Mapeamento Espiritual" que oferecia "uma metodologia para descobrir obstáculos específicos para ganhar almas nas localidades norte-americanas":
A conferência foi promovida pelo "Sentinel Group" ("Grupo Sentinela") de Lynnwood (Estado de Washington, EUA), e atraiu 130 pastores, líderes leigos, e missionários convidados de 30 estados e províncias... A "crescente influência das novas e poderosas forças espirituais no continente" necessitam de tal pesquisa, disse o presidente do "Grupo Sentinela", George Otis, Jr... Um Guia de Mapeamento Espiritual distribuído na conferência esboçava maneiras pelas quais os participantes poderiam pesquisar, através de muita oração, os grilhões sociais, a escravidão, e as barreiras espirituais de suas respectivas comunidades. (NIRR)


Algumas questões se levantam imediatamente. Novas forças espirituais? Existe uma nova espécie de demônios mais inteligentes ou poderosos do que aqueles enfrentados pela igreja primitiva? Se o Evangelho necessita de tal ajuda, por que a Bíblia não menciona nada disso? Por que esses métodos não foram praticados nem ensinados por Cristo e pelos apóstolos? Como Paulo poderia ter "transtornado o mundo" (At 17.6) através da evangelização do Império Romano pagão, sem empregar essas técnicas? Paulo teria alcançado maior sucesso se tivesse usado "mapeamento espiritual" e empregado a nova "metodologia para descobrir obstáculos específicos para ganhar almas"?


Os casos de Corinto e Éfeso


Corinto, a cidade grega mais esplendorosa e próspera, o centro do comércio entre o Oriente e o Ocidente, claramente era tão escravizada por Satanás quanto qualquer cidade hoje em dia. O culto de Afrodite, a deusa do amor e da beleza, cujo exemplo mítico encorajou promiscuidade sexual e perversão, há muito havia florescido ali. Quando Paulo desembarcou em Corinto (por volta de 50 d.C.), o grandioso templo de colunas de Apolo tinha dominado o centro comercial da cidade (onde a maior parte da carne vendida para consumo era primeiramente oferecida aos ídolos) por 600 anos. Ainda assim, não encontramos nenhum indício de que Paulo tenha se empenhado no "mapeamento espiritual" das forças demoníacas em Corinto. Ele confiava que o Evangelho, única e exclusivamente, poderia resgatar os pagãos das garras de Satanás: "Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado" (1 Co 2.2).


Ou considere a cidade de Éfeso, cuja riqueza se devia, em grande parte, à venda de imagens da deusa Diana. O templo dela era o centro da vida em Éfeso e, como em todas as situações de idolatria, envolvia prostituição, orgias sexuais e toda sorte de depravações. Se alguma vez um povo foi aprisionado por Satanás e seus subordinados, estes foram os efésios. Mesmo sem "mapeamento espiritual" ou outras técnicas de "libertação" promovidas atualmente, multidões vieram a Cristo e a igreja formada ali esteve entre as mais fortes e verdadeiras. Sim, Paulo os fez lembrar que a batalha da qual participavam não era contra carne e sangue, mas contra os principados e potestades, contra as forças espirituais do mal espalhadas nas regiões celestiais (Efésios 6.10-12). Contudo, ele não deu qualquer indício de que essas forças demoníacas devessem ser mapeadas ou rastreadas, ou que as técnicas psicológicas para tratamento com personalidades múltiplas devessem ser empregadas. Os crentes deveriam permanecer firmes na fé, vestidos com a armadura de Deus, sua única arma, "a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus" (v. 17).


A experiência espiritual mais elevada


A "velha história de Jesus e seu amor", como diz o clássico hino, "é sempre nova" e mais amada por "aqueles que a conhecem melhor." Nós nunca iremos avançar, nem mesmo na eternidade, a uma experiência espiritual ou um entendimento mais elevado do que aqueles produzidos pela fé no Evangelho simples que nos salva. O fato de que Deus nos amou tanto, a ponto de se tornar homem, e, mesmo odiado, rejeitado, desprezado e crucificado, ter morrido em nosso lugar para reconciliar os pecadores consigo mesmo sempre será, para as almas resgatadas, a fonte de amor, alegria e adoração no céu. Por toda a eternidade nunca teremos uma canção mais nova ou melhor do que a "velha história" que sempre é nova.


"Digno és... porque foste morto e com o teu sangue [nos] compraste para Deus", é o mais elevado louvor possível para os redimidos na presença de Deus (Ap 5.9). Nisso consiste o segredo da alegria daqueles que habitam o céu. Por que, então, alguns cristãos andam deprimidos, inseguros, egoístas, terrenos no modo de pensar e faltos de amor, alegria, paz e vitória em Cristo? A "velha história de Jesus e Seu amor" se tornou, de fato, velha para eles, negligenciada e esquecida. Eles não necessitam de aconselhamento psicológico, mas de um retorno ao seu "primeiro amor" (Ap 2.4). Nós precisamos meditar incessantemente sobre essa verdade supremamente maravilhosa, o simples Evangelho, que sozinho inflama o amor genuíno e a gratidão sincera que devemos, continuamente, expressar a nosso Senhor.


É louvável se alguém, preocupado em conhecer melhor a Deus, estuda grego. Contudo, se a habilidade nessa língua fosse essencial para conhecer a Palavra de Deus e viver uma vida cristã mais frutífera, então seria de se esperar que os gregos fossem o povo mais parecido com Cristo e o mais frutífero dentre todos, e Deus exigiria de nós todos a capacidade de falar grego. Obviamente os gregos nos dias de Cristo e de Paulo conheciam sua língua nativa muito melhor do que os estudantes modernos desse idioma, mas, mesmo assim, eles enfrentaram tanta dificuldade para viverem uma vida cristã quanto qualquer outro. O relacionamento de amor que Deus deseja carece apenas de um coração sincero e confiante no qual possa crescer.


"Oh!, o mais maravilhoso de tudo...", disse um compositor, "é que Deus me ama!" Isso é tão simples que até mesmo uma criança pode crê-lo, mas tão profundo que levaremos toda a eternidade para começar a sondar as profundezas desse amor! O amor de Deus é revelado no fato de ter Cristo morrido em nosso lugar! Certamente aqueles que experimentaram esse amor devem ser impelidos, pelo mesmo amor, a falarem a outros sobre a salvação disponível através da graça de Deus. Somente esse reconhecimento do amor e da graça de Deus, impelido pelo Evangelho, é que transforma pecadores em santos alegres e vitoriosos – e continua a manter esses santos na alegria e na vitória agora e para sempre.



(Dave Hunt - TBC 12/93 – traduzido por Leandro Nunes Caetano)
Publicado anteriormente na
revista Chamada da Meia-Noite, julho de 1997.
Texto e Imagem extraídos do site www.chamada.com.br

quarta-feira, 28 de março de 2007

A Igreja ao Gosto do Freguês



T. A. McMahon



O movimento chamado "igreja ao gosto do freguês" está invadindo muitas denominações evangélicas, propondo evangelizar através da aplicação das últimas técnicas de marketing. Tipicamente, ele começa pesquisando os não-crentes (que um dos seus líderes chama de "desigrejados" ou "João e Maria desigrejados"). A pesquisa questiona os que não freqüentam quaisquer igrejas sobre o tipo de atração que os motivaria a assistir às reuniões. Os resultados do questionário mostram as mudanças que poderiam ser feitas nos cultos e em outros programas para atrair os "desigrejados", mantê-los na igreja e ganhá-los para Cristo. Os que desenvolvem esse método garantem o crescimento das igrejas que seguirem cuidadosamente suas diretrizes aprovadas. Praticamente falando, dá certo!


Duas igrejas são consideradas modelos desse movimento: Willow Creek Community Church (perto de Chicago), pastoreada por Bill Hybels, e Saddleback Valley Church (ao sul de Los Angeles) pastoreada por Rick Warren. Sua influência é inacreditável. Willow Creek formou sua própria associação de igrejas, com 9.500 igrejas-membros. Em 2003, 100.000 líderes de igrejas assistiram no mínimo a uma conferência para líderes realizada por Willow Creek. Acima de 250.000 pastores e líderes de mais de 125 países participaram do seminário de Rick Warren ("Uma Igreja com Propósitos"). Mais de 60 mil pastores recebem seu boletim semanal.


Visitamos Willow Creek há algum tempo. Pareceu-nos que essa igreja não poupa despesas em sua missão de atrair as massas. Depois de passar por cisnes deslizando sobre um lago cristalino, vê-se o que poderia ser confundido com a sede de uma corporação ou um shopping center de alto padrão. Ao lado do templo existe uma grande livraria e uma enorme área de alimentação completa, que oferece cinco cardápios diferentes. Uma tela panorâmica permite aos que não conseguiram lugar no santuário ou que estão na praça de alimentação assistirem aos cultos. O templo é espaçoso e moderno, equipado com três grandes telões e os mais modernos sistemas de som e iluminação para a apresentação de peças de teatro e musicais.


Sem dúvida, Willow Creek é imponente, mas não é a única megaigreja que tem como alvo alcançar os perdidos através dos mais variados métodos. Megaigrejas através dos EUA adicionam salas de boliche, quadras de basquete, salões de ginástica e sauna, espaços para guardar equipamentos, auditórios para concertos e produções teatrais, franquias do McDonalds, tudo para o progresso do Evangelho. Pelo menos é o que dizem. Ainda que algumas igrejas estejam lotadas, sua freqüência não é o único elemento que avaliamos ao analisar essa última moda de "fazer igreja".


O alvo declarado dessas igrejas é alcançar os perdidos, o que é bíblico e digno de louvor. Mas o mesmo não pode ser dito quanto aos métodos usados para alcançar esse alvo. Vamos começar pelo marketing como uma tática para alcançar os perdidos. Fundamentalmente, marketing traça o perfil dos consumidores, descobre suas necessidades e projeta o produto (ou imagem a ser vendida) de tal forma que venha ao encontro dos desejos do consumidor. O resultado esperado é que o consumidor compre o produto. George Barna, a quem a revista Christianity Today (Cristianismo Hoje) chama de "o guru do crescimento da igreja", diz que tais métodos são essenciais para a igreja de nossa sociedade consumista. Líderes evangélicos do movimento de crescimento da igreja reforçam a idéia de que o método de marketing pode ser aplicado – e eles o têm aplicado – sem comprometer o Evangelho. Será?


Em primeiro lugar o Evangelho, e mais significativamente a pessoa de Jesus Cristo, não cabem em nenhuma estratégia de mercado. Não são produtos a serem vendidos. Não podem ser modificados ou adaptados para satisfazer as necessidades de nossa sociedade consumista. Qualquer tentativa nessa direção compromete de algum modo a verdade sobre quem é Cristo e do que Ele fez por nós. Por exemplo, se os perdidos são considerados consumidores, e um mandamento básico de marketing diz que o freguês sempre tem razão, então qualquer coisa que ofenda os perdidos deve ser deixada de lado, modificada ou apresentada como sem importância. A Escritura nos diz claramente que a mensagem da cruz é "loucura para os que se perdem" e que Cristo é uma "pedra de tropeço e rocha de ofensa" (1 Co 1.18 e 1 Pe 2.8).
Megaigrejas adicionam salas de boliche, quadras de basquete, salões de ginástica e sauna, auditórios para concertos e produções teatrais, franquias do McDonalds.


Algumas igrejas voltadas ao consumidor procuram evitar esse aspecto negativo do Evangelho de Cristo enfatizando os benefícios temporais de ser cristão e colocando a pessoa do consumidor como seu principal ponto de interesse. Mesmo que essa abordagem apele para a nossa geração acostumada à gratificação imediata, ela não é o Evangelho verdadeiro nem o alvo de vida do crente em Cristo.
Em segundo lugar, se você quiser atrair os perdidos oferecendo o que possa interessá-los, na maior parte do tempo estará apelando para seu lado carnal. Querendo ou não, esse parece ser o modus operandi dessas igrejas. Elas copiam o que é popular em nossa cultura – músicas das paradas de sucesso, produções teatrais, apresentações estimulantes de multimídia e mensagens positivas que não ultrapassam os trinta minutos. Essas mensagens freqüentemente são tópicas, terapêuticas, com ênfase na realização pessoal, salientando o que o Senhor pode oferecer, o que a pessoa necessita – e ajudando-a na solução de seus problemas.


Essas questões podem não importar a um número cada vez maior de pastores evangélicos, mas, ironicamente, estão se tornando evidentes para alguns observadores seculares. Em seu livro The Little Church Went to Market (A Igrejinha foi ao Mercado), o pastor Gary Gilley observa que o periódico de marketing American Demographics reconhece que as pessoas estão:
...procurando espiritualidade, não a religião. Por trás dessa mudança está a procura por uma fé experimental, uma religião do coração, não da cabeça. É uma expressão de religiosidade que não dá valor à doutrina, ao dogma, e faz experiências diretamente com a divindade, seja esta chamada "Espírito Santo" ou "Consciência Cósmica" ou o "Verdadeiro Eu". É pragmática e individual, mais centrada em redução de stress do que em salvação, mais terapêutica do que teológica. Fala sobre sentir-se bem, não sobre ser bom. É centrada no corpo e na alma e não no espírito. Alguns gurus do marketing começaram a chamar esse movimento de "indústria da experiência" (pp. 20-21).


Existe outro item que muitos pastores parecem estar deixando de considerar em seu entusiasmo de promover o crescimento da igreja atraindo os não-salvos. Mesmo que os números pareçam falar mais alto nessas "igrejas ao gosto do freguês" (um número surpreendente de igrejas nos EUA (841) alcançaram a categoria de megaigreja, com 2.000 a 25.000 pessoas presentes nos finais de semana), poucos perceberam que o aumento no número de membros não se deve a um grande número de "desigrejados" juntando-se à igreja.
Durante os últimos 70 anos, a percentagem da população dos EUA que vai à igreja tem sido relativamente constante (mais ou menos 43%). Houve um crescimento, chegando a 49% em 1991 (no tempo do surgimento dessa nova modalidade de igreja), mas tal crescimento diminuiu gradualmente, retornando a 42% em 2002 (www.barna.org). De onde, então, essas megaigrejas, que têm se esforçado para acomodar pessoas que nunca se interessaram pelo Evangelho, conseguem seus membros? Na maior parte, de igrejas menores que não estão interessadas ou não têm condições financeiras de propiciar tais atrações mundanas. O que dizer das multidões de "desigrejados" que supostamente se chegaram a essas igrejas? Essas pessoas constituem uma parcela muito pequena das congregações. G.A. Pritchard estudou Willow Creek por um ano e escreveu um livro intitulado Willow Creek Seeker Services (Baker Book House, 1996). Nesse livro ele estima que os "desigrejados", que seriam o público-alvo, constituem somente 10 ou 15% dos 16.000 membros que freqüentam os cultos de Willow Creek.


O Evangelho e a pessoa de Jesus Cristo não cabem em nenhuma estratégia de mercado. Não são produtos a serem vendidos.
Se essa percentagem é típica entre igrejas "ao gosto do freguês", o que provavelmente é o caso, então a situação é bastante perturbadora. Milhares de igrejas nos EUA e em outros países se reestruturaram completamente, transformando-se em centros de atração para "desigrejados". Isso, aliás, não é bíblico. A igreja é para a maturidade e crescimento dos santos, que saem pelo mundo para alcançar os perdidos. Contudo, essas igrejas voltaram-se para o entretenimento e a conveniência na tentativa de atrair "João e Maria", fazendo-os sentirem-se confortáveis no ambiente da igreja. Para que eles continuem freqüentando a "igreja ao gosto do freguês", evita-se o ensino profundo das Escrituras em favor de mensagens positivas, destinadas a fazer as pessoas sentirem-se bem consigo mesmas. À medida que "João e Maria" continuarem freqüentando a igreja, irão assimilar apenas uma vaga alusão ao ensino bíblico que poderá trazer convicção de pecado e verdadeiro arrependimento. O que é ainda pior, os novos membros recebem uma visão psicologizada de si mesmos que deprecia essas verdades. Contudo, por pior que seja a situação, o problema não termina por aí.


A maior parte dos que freqüentam as "igrejas ao gosto do freguês" professam ser cristãos. No entanto, eles foram atraídos a essas igrejas pelas mesmas coisas que atraíram os não-crentes, e continuam sendo alimentados pela mesma dieta biblicamente anêmica, inicialmente elaborada para não-cristãos. Na melhor das hipóteses, eles recebem leite aguado; na pior das hipóteses, "alimento" contaminado com "falatórios inúteis e profanos e as contradições do saber, como falsamente lhe chamam" (2 Tm 6.20). Certamente uma igreja pode crescer numericamente seguindo esses moldes, mas não espiritualmente.


Além do mais, não há oportunidades para os crentes crescerem na fé e tornarem-se maduros em tal ambiente. Tentando defender a "igreja ao gosto do freguês", alguns têm argumentado que os cultos durante a semana são separados para discipulado e para o estudo profundo das Escrituras. Se esse é o caso, trata-se de uma rara exceção e não da regra!
Como já notamos, a maioria dessas igrejas, no uso do seu tempo, energia e finanças tem como alvo acomodar os "desigrejados". Conseqüentemente, semana após semana, o total da congregação recebe uma mensagem diluída e requentada. Então, na quarta-feira, quando a congregação usualmente se reduz a um quarto ou a um terço do tamanho normal, será que esse pequeno grupo recebe alimentação sólida da Palavra de Deus, ensino expositivo e uma ênfase na sã doutrina? Dificilmente. Nunca encontramos uma "igreja ao gosto do freguês" onde isso acontecesse. As "refeições espirituais" oferecidas nos cultos durante a semana geralmente são reuniões de grupos e aulas visando o discernimento dos dons espirituais, ou o estudo de um "best-seller" psico-cristão, ao invés do estudo da Bíblia.


Talvez o aspecto mais negativo dessas igrejas seja sua tentativa de impressionar os "desigrejados" ao mencionar especialistas considerados autoridades em resolver todos os problemas mentais, emocionais e comportamentais das pessoas: psicólogos e psicanalistas. Nada na história da Igreja tem diminuído tanto a verdade da suficiência da Palavra de Deus no tocante a "todas as coisas que conduzem à vida e à piedade" (2 Pe 1.3) como a introdução da pseudociência da psicoterapia no meio cristão. Seus milhares de conceitos e centenas de metodologias não-comprovados são contraditórios e não científicos, totalmente não-bíblicos, como já documentamos em nossos livros e artigos anteriores. Pritchard observa:
...em Willow Creek, Hybels não somente ensina princípios psicológicos, mas freqüentemente usa esses mesmos princípios como guias interpretativos para sua exegese das Escrituras – o rei Davi teve uma crise de identidade, o apóstolo Paulo encorajou Timóteo a fazer análise e Pedro teve problemas em estabelecer seus limites. O ponto crítico é que princípios psicológicos são constantemente adicionados ao ensino de Hybels" (p. 156).


Durante minha visita a Willow Creek, o pastor Hybels trouxe uma mensagem que começou com as Escrituras e se referia aos problemas que surgem quando as pessoas mentem. Contudo, ele se apoiou no psiquiatra M. Scott Peck, o autor de The Road Less Travelled (Simon & Schuster, 1978) quanto às conseqüências desastrosas da mentira. Nesse livro, M. Scott Peck declara (pp. 269-70): "Deus quer que nos tornemos como Ele mesmo (ou Ela mesma)"!
Nada na história da Igreja tem diminuído tanto a verdade da suficiência da Palavra de Deus no tocante a "todas as coisas que conduzem à vida e à piedade" (2 Pe 1.3) como a introdução da pseudociência da psicoterapia no meio cristão.


A Saddleback Community Church está igualmente envolvida com a psicoterapia. Apesar de se dizer cristocêntrica e não centrada na psicologia, essa igreja tem um dos maiores números de centros dos Alcoólicos Anônimos e patrocina mais de uma dúzia de grupos de ajuda como "Filhos Adultos Co-Dependentes de Viciados em Drogas", "Mulheres Co-Viciadas Casadas com Homens Compulsivos Sexuais ou com Desordens de Alimentação" e daí por diante. Cada grupo é normalmente liderado por alguém "em recuperação" e os autores dos livros usados incluem psicólogos e psiquiatras (www.celebraterecovery.com). Apesar de negar o uso de psicologia popular, muito dela permeia o trabalho de Rick Warren, incluindo seu best-seller The Purpose Driven Life (A Vida Com Propósito), que já rendeu sete milhões de dólares. Em sua maior parte, o livro fala de satisfação pessoal, promove a celebração da recuperação e está cheio de psicoreferências tais como "Sansão era dependente".


A mensagem principal vinda das igrejas psicologicamente motivadas de Willow Creek e Saddleback é a de que a Palavra de Deus e o poder do Espírito Santo são insuficientes para livrar uma pessoa de um pecado habitual e para transformá-la em alguém cuja vida seja cheia de fruto e agradável a Deus. Entretanto, o que essas igrejas dizem e fazem tem sido exportado para centenas de milhares de igrejas ao redor do mundo.


Grande parte da igreja evangélica desenvolveu uma mentalidade de viagem de recreio em um cruzeiro cheio de atrações, mas isso vai resultar num "Titanic espiritual". Os pastores de "igrejas ao gosto do freguês" (e aqueles que estão desejando viajar ao lado deles) precisam cair de joelhos e ler as palavras de Jesus aos membros da igreja de Laodicéia (Ap 3.14-21). Eles eram "ricos e abastados" e, no entanto, deixaram de reconhecer que aos olhos de Deus eram "infelizes, miseráveis, pobres, cegos e nus". Jesus, fora da porta dessas igrejas, onde O colocaram desapercebidamente, oferece Seu conselho, a verdade da Sua Palavra, o único meio que pode fazer com que suas vidas sejam vividas conforme Sua vontade. Não pode existir nada melhor aqui na terra e na Eternidade!




Autor: T. A. McMahon

Texto e Imagem extraídos do site http://www.chamada.com.br/
Publicado anteriormente na
revista Chamada da Meia-Noite, março de 2005.

terça-feira, 27 de março de 2007

John Bunyan


John Bunyan
O Sonhador Imortal
(1628 -1688)



“Caminhando pelo deserto deste mundo, parei num sítio onde havia uma caverna (a prisão de Bedford): ali deitei-me para descansar. Em breve adormeci e tive um sonho. Vi um homem coberto de andrajos, de pé, e com as costas voltadas para a sua habitação, tendo sobre os ombros uma pesada carga e nas mãos um livro”.

Faz três séculos que John Bunyan assim iniciou o seu livro O Peregrino. Os que conhecem suas obras literárias podem testificar de que ele é, de fato, “o sonhador imortal” – estando ele morto ainda fala. Contudo, enquanto miríades de crentes conhecem O peregrino, poucos conhecem da historia da vida de oração desse valente pregador.

Bunyan, na sua obra Graça Abundante ao Principal dos Pecadores, nos informa que seus pais, apesar de viverem em extrema pobreza, conseguiram ensiná-lo a ler e escrever. Ele mesmo intitulou-se o “principal dos pecadores”; outros atestam que mesmo em sua impiedade jamais foi beberrão ou imoral. Contudo, casou-se com uma moça de família cujos membros eram crentes fervorosos. Bunyan ara funileiro e, como acontecia com todos os funileiros, era paupérrimo. Ele não possuía nem um prato nem uma colher, apenas dois livros: O Caminho do Homem Simples para os Céus e A Prática da Piedade, obras que seu pai, ao falecer, lhe deixara. Apesar de Bunyan achar algumas coisas que lhe interresava nesses dois livros. Somente nos cultos é que se sentiu convicto de estar no caminho para o inferno.

Descobre-se nos seguintes trechos, transcritos de Graça Abundante ao Principal dos Pecadores, como ele lutava em oração no tempo da sua conversão:

Veio-me as mãos uma obra do Ranters, livro estimado por alguns doutores. Não sabendo julgar os méritos dessas doutrinas, dediquei-me a orar desta maneira: “Ó Senhor, não sei julgar entre o erro e a verdade. Senhor, não me abandones por aceitar ou rejeitar essa doutrina cegamente; se ala for de ti, não me deixes desprezá-la; se for do diabo, não me deixes abraçá-la!” Louvado seja Deus – Ele que me dirigiu a clamar, desconfiado da minha própria sabedoria -, Ele mesmo me guarda do erro dos Ranters. A Bíblia para mim já era muito preciosa nesse tempo.
Enquanto me sentia condenado às penas eternas, admirei-me de como o próximo se esforçava para ganhar bens terrestres, como se esperasse viver aqui eternamente... Se eu pudesse ter a certeza da salvação da minha alma, como me sentiria rico, mesmo que não tivesse mais para comer a não ser feijão.

Busquei ao Senhor, orando e chorando, e do fundo da alma clamei: “Ó Senhor, mostra-me, eu te rogo, que me amas com amor eterno!” Logo que clamei, voltaram para mim as palavras, como um eco: “Eu te amo com amor eterno!” Deitei-me para dormir em paz e, ao acordar, no dia seguinte, a mesma paz permanecia na minha alma. O Senhor me assegurou: “Amei-te enquanto vivias no pecado, amei-te antes, amo-te depois e amar-te-ei por todo o sempre”.
Certa manhã, enquanto tremia na oração, porque pensava que não houvesse palavra de Deus para me sossegar, Ele me deu esta frase: “A minha graça te basta”.
O meu entendimento foi tão iluminado como se o Senhor Jesus olhasse dos céus para mim, pelo telhado da casa, e me dirigisse essas palavras. Voltei para casa chorando, transbordando de gozo e humilhado até o pó. Contudo, certo dia, enquanto andava no campo, a consciência inquieta, de repente estas palavras entraram da minha alma: “Tua justiça está nos céus”. E parecia que, com os olhos da alma, via Jesus Cristo à destra de Deus, permanecendo ali como minha justiça... Vi, além disso, que não é o meu bom coração que torna a minha justiça melhor, nem que a prejudica; porque a minha justiça é o próprio Cristo, o mesmo ontem, hoje e para sempre. As cadeias então caíram-me das pernas; fiquei livre das angústias; as tentações perderam a força; o horror da severidade de Deus não mais me perturbava, e voltei para casa regozijando-me na graça e no amor de Deus. Não achei na bíblia a frase “Tua justiça está nos céus”, mas achei “o qual para nós foi feito por Deus sabedoria e justiça, e santificação, e redenção” (1Co 1:30), e vi que a outra frase era verdade.

Enquanto eu assim meditava, o seguinte trecho da Escrituras penetrou no meu espírito com poder: “não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou”. Assim fui levado para as alturas e me achei nos braços da graça e da misericórdia. Antes temia a morte, mas depois clamei: “Quero morrer”. A morte tornou-se para mim uma coisa desejável. Não se vive verdadeiramente antes de passar para a outra vida. “Oh!”, pensava eu, “esta vida é apenas um sonho em comparação à outra!” Foi nessa ocasião que as palavras “herdeiros de Deus” se tornaram tão cheias de sentido, que eu não tenho como explicá-las aqui neste mundo. “Herdeiros de Deus!” O próprio Deus é a porção dos santos. Isso vi e disso me admirei, contudo, não posso contar o que vi... Cristo era um Cristo precioso na minha alma, era o meu gozo; a paz e o triunfo por Cristo eram tão grandes que tive dificuldade em conter-me e ficar deitado.


Bunyan, ainda que lutando para sair da escravidão do vício do pecado, não fechava a alma aos perdidos que ignoravam os horrores do inferno. Acerca disto ele escreveu:

Percebi pelas Escrituras que o Espírito Santo não quer que os homens enterrem seus talentos e dons, mas antes que despertem esses dons... Dou graças a Deus por me haver concedido uma medida de entranhas e compaixão pela alma do próximo, e me enviou a esforçar-me grandemente para falar uma palavra que Deus pudesse usar para apoderar-se da consciência e despertá-la. Nisso o bom Senhor respondeu ao apelo de seu servo, e o povo começou a mostrar-se comovido e angustiado de espírito ao perceber o horror do seu pecado e a necessidade de aceitar a Jesus Cristo.
De coração, clamei a Deus com grande insistência que Ele tornasse a Palavra eficaz para a salvação da alma... De fato, disse repetidamente ao Senhor que, se o meu enforcamento perante os olhos dos ouvintes servisse para despertá-los e confirmá-los na verdade, eu o aceitaria alegremente. O maior anelo em cumprir meu ministério era o de entrar nos lugares mais escuros do país... Na pregação, realmente sentia dores de parto para que nascessem filhos para Deus. Sem fruto, não ligava importância a qualquer louvor aos meus esforços; com fruto, não me importava com qualquer oposição.


Os obstáculos que Bunyan tinha que encarar eram muitos e variados. Satanás, vendo-se grandemente prejudicado pela obra desse servo de Deus, começou a levantar barreiras de todas as formas. Bunyan resistia fielmente a todas as tentações de vangloriar-se sobre o fruto de seu ministério e cair na condenação do diabo. Quando, certa vez, um dos ouvintes lhe disse que pregara um bom sermão, ele respondeu: “Não precisa dizer-me isso, o diabo já cochichou a mesma coisa no meu ouvido antes de sair da tribuna”.
Então o inimigo das almas suscitou calúnias e boatos em todo o país, a fim de induzi-lo a abandonar o ministério. Chamavam-no de feiticeiro, jesuíta, cangaceiro, e afirmavam que vivia amancebado, que tinha duas esposas e que os seus filhos eram ilegítimos.

Quanto o maligno falhou em todos esses planos de desviar Bunyan do seu ministério glorioso, seus opositores denunciaram-no por não observar os regulamentos dos cultos da igreja oficial. As autoridades civis o sentenciaram à prisão perpétua, recusando terminantemente a revogação da sentença, apesar de todos os esforços de seus amigos e dos rogos da sua esposa – tinha de ficar preso até se comprometer a não mais pregar.

Acerca de sua prisão, ele diz:

Nunca tinha sentido a presença de Deus ao meu lado em todas as ocasiões como depois de ser encerrado... fortalecendo-me tão ternamente com esta ou aquela Escritura até me fazer desejar, se fosse lícito, maiores provações para receber maiores consolações.
Antes de ser preço, eu previ o que aconteceria, e duas coisas ardiam no coração acerca de como poderia encarar a morte, se chegasse a tal ponto. Fui dirigido a orar pedindo a Deus que me fortalecesse com toda a força, segundo o poder de sua Glória, em toda a fortaleza e longanimidade, dando com alegria graças ao Pai. Quase nunca orei, durante o ano que precedeu minha prisão, sem que essa Escritura me entrasse na mente e eu compreendesse que para sofrer com toda a paciência devia ter toda a fortaleza, especialmente para sofrer com alegria.

A segunda consideração foi na passagem que diz: “Mas nós temos tido dentro de nós mesmos a sentença de morte para que não confiássemos em nós mesmos, porém em Deus que ressuscita os mortos”. Cheguei a ver, por essa Escritura, que se eu chegasse ao ponto de sofrer como devia, primeiramente tinha que sentenciar a morte todas as coisas que pertencem à nossa vida, considerando-me a mim mesmo, minha esposa, meus filhos, a saúde, os prazeres, tudo, enfim, como mortos para comigo e eu morto pra com eles.
Resolvi, como Paulo disse, não olhar para as coisas que se vêem, mas sim para as que se não vêem, porque as coisas que se vêem são temporais, mas as que se não vêem são eternas. E compreendi que se eu fosse prevenido apenas de ser preso, poderia, de improviso, ser chamado, também, para ser açoitado, ou amarrado ao pelourinho.

Ainda que esperasse apenas esses castigos, não suportaria o castigo de desterro. Mas a melhor maneira de suportar os sofrimentos seria confiar em Deus, quanto ao mundo vindouro; quanto a este mundo, devia considerar o sepulcro como a minha morada, estender o meu leito nas travas e dizer à corrupção: “Tu és meu pai!”, e aos vermes: “Vós sois minha mãe e minha irmão” (Jó 17:13,14). Contudo, apesar desse auxílio, senti-me um homem cercado de fraquezas. A separação da minha esposa e de nossos filhos, aqui na prisão, torna-se, às vezes, como se fosse a separação da carne dos ossos. E isto não somente porque me lembro das tribulações e misérias que meus queridos têm de sofrer; especialmente a filhinha cega. Minha pobre filha, quão triste é a tua porção neste mundo! Serás maltratada, pedirás esmolas; passará fome, frio, nudez e outras calamidades! Oh! Os sofrimentos da minha ceguinha quebrar-me-iam o coração aos pedaços!

Eu meditava muito, também, sobre o horror do inferno dos que temiam a cruz a ponto de se recusarem a glorificar a Cristo, suas palavras e leis perante os filhos dos homens. Além do mais, pensava sobre a glória que Ele preparara para os que, em amor, fé e paciência, testificavam dEle. A lembrança destas coisas servia para diminuir a mágoa que sentia ao lembrar-se de que eu e meus queridos sofríamos pelo testemunho de Cristo.

Nem todos os horrores da prisão abalaram o espírito de John Bunyan. Quando lhes oferecia a sua liberdade sob a condição de ele não pregar mais, respondia: “Se eu sair hoje da prisão, pregarei amanhã, com o auxílio de Deus”.
Mas se alguém pensar que, afinal de contas, John Bunyan era apenas um fanático, deve ler e meditar sobre as obras que nos deixou: Graça Abundante ao Principal dos Pecadores; Chamado ao Ministério; O Peregrino; A Peregrina; A Conduta do Crente; A Gloria do Templo; O Pecador de Jerusalém É Salvo; As Guerras da Famosa Cidade de Alma-humana; A Vida e a Morte de Homem Mau; O Sermão do Monte: A Figueira Infrutífera; Discursos sobre Oração; O Viajante Celestial; Gemidos de uma Alma no inferno; A justificação É Imputada, entre outros.

Passou mais de doze anos encarcerado. É fácil dizer que foram doze anos, mas é difícil conceber o que isso significa – passou mais da quinta parte da sua vida na prisão, na idade de maior energia. Foi um Quacre chamado Whitehead que conseguiu a sua libertação. Depois de liberto, pregou em Bedford, Londres, e muitas outras cidades. Era tão popular que foi alcunhado de “Bispo Bunyan”. Continuou o seu ministério fielmente até a idade de 60 anos, quando foi atacado de febre e faleceu. O seu túmulo é visitado por dezenas de milhares de pessoas.

O orador, o escritor, o pregador, o professor da Escola Dominical e o pai de família, cada um conforme o seu ofício, podem lucrar grandemente com um estudo do estilo e méritos se seus escritos, apesar de ter sido apenas um humilde funileiro sem instrução. Mas como se pode explicar o maravilhoso sucesso de Bunyan? Como pode um iletrado pregar como ele pregava e escrever num estilo capaz de interresar a criança e o adulto; ao pobre e ao rico; ao douto e ao indouto? A única explicação do seu êxito é que ele era um homem em constante comunhão com Deus. Apesar de seu corpo estar preso no cárcere, a sua alma estava liberta. Porque foi ali, numa cela, que John Bunyan teve as visões descritas nos seus livros – visões muito mais reais do que os seus perseguidores e as paredes que o cercavam. Depois de desaparecerem os perseguidores da terra e as paredes virarem pó, o que Bunyan escreveu continua a iluminar e alegrar todas as terras e gerações.

O que vamos citar mostra como Bunyan lutava com Deus em oração: “Há, na oração, o ato de desvelar a própria pessoa, de abrir o coração perante Deus, de derramar afetuosamente a alma em pedidos, suspiros e gemidos. ‘Senhor’, disse Davi, ‘diante de ti está todo o meu desejo e o meu gemido não te é oculto’ (Sl 38:9). E outra vez: ‘A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus? Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma!’ (Sl 42:2-4). Note: ‘Derramo a minha alma!’ é um termo demonstrativo de que em oração sai a própria vida e toda a força para Deus”.
Em outra ocasião escreveu: “As melhores orações consistem, às vezes. Mais em gemidos do que em palavras, e estas palavras não são mais que a mera representação do coração, vida e espírito de tais orações”.
Como ele “insistia e importunava” em oração a Deus fica claro no trecho seguinte: “Eu te digo: Continua a bater, chorar, gemer e prantear; se Ele se não levantar para te dar porque és teu amigo, ao menos por causa da tua importunação levantar-se-á para dar-te tudo o que precisares”.

Sem contestação, o grande fenômeno da vida de John Bunyan consistia no seu conhecimento íntimo das Escrituras, as quais amava; e na perseverança em oração ao Deus que adorava. Se alguém duvidar de que Bunyan seguia a vontade de Deus nos doze longos anos que passou na prisão de Bedford, deve lembrar-se de que esse servo de Cristo, ao escrever O Peregrino atrás das grades, pregou um sermão que já dura quase três séculos e que hoje é lido em cento e quarenta línguas. É o livro de maior circulação depois da Bíblia. Sem tal dedicação, não seria possível conseguir o incalculável fruto eterno desse sermão pregado por um funileiro cheio da graça de Deus!

Fonte: Livro Heróis da Fé / p. 31-38
Autor: Orlando Boyer Editora: CPAD

segunda-feira, 26 de março de 2007

Policarpo de Esmirna

(69-155)


Policarpo,nascido por volta do ano de 69, foi bispo da cidade de Esmirna. Por dois fatos ele se destaca:primeiro, é provável que tenha conhecido alguns dos discípulos contemporâneos de Jesus. Segundo, dentre todos os primeiros mártires cristãos, Policarpo foi um dos mais velhos. Aos 86 anos de idade foi preso durante uma celebração pagã. Quando as autoridades lhe ordenaram que renunciasse a sua fé, Policarpo respondeu "Durante 86 anos fui servo de Deus, e ele nunca procedeu mal contra mim. Como posso então blasfemar contra meu Rei, que me salvou?". Enfurecidos, seus perseguidores queimaram-no ate a morte. Estas orações, escritas por Policarpo, mostram como era profunda a sua fé.


Que o nosso fruto seja abundante

Meu Deus e Pai,
e tu, eterno sumo sacerdote, Jesus Cristo,
fortalecei-nos na fé, verdade e amor.
Concedei-nos um lugar entre os santos
com todos aqueles que confiam em nosso
Senhor Jesus Cristo.
Oramos por todos os santos, por reis e governantes,
pelos inimigos da cruz de Cristo
e por nós mesmos.
Oramos para que o nosso fruto seja abundante
e que possamos alcançar a completitude em
Cristo Jesus, nosso Senhor.


Tu me consideraste digno

Senhor Deus Todo-Poderoso,
Pai de teu bem-amado e abençoado Filho Jesus Cristo,
pelo qual nós chegamos a conhecer-te plenamente-
Deus de anjos, poderes e de toda a criação,
e de toda a família dos justos que se conduzem sob o teu olhar:
Eu te bendigo por me haveres considerado digno,
neste dia e nesta hora,
de ser incluído na classe dos mártires,
de beber do cálice do teu Cristo,
para que eu possa ressuscitar e viver para sempre, corpo e alma,
na incorruptibilidade do Espírito Santo.
Que eu possa com os mártires ter acesso a tua
presença neste dia,
qual sacrifício aceitável e agradável.
Tu fizeste da minha vida uma preparação para este momento,
tu me deixaste antever o porvir
e agora tu o propicias,
pois tu és o Deus verdadeiro e fiel.
Por isso e por tudo eu te louvo e glorifico,
por intermédio do eterno sumo sacerdote,
o celestial Jesus Cristo, teu querido Filho.
Ele está contigo e com o Espírito Santo.
Por Ele, glória a ti agora e por todo o sempre.
Amém.

Policarpo de Esmirna
por Duane Arnold e Robert Hudson

domingo, 25 de março de 2007

Jesus: único, incomparável, maravilhoso - em seu amor



Norbert Lieth


Lemos em 1 João 3.16 sobre Jesus Cristo: "Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós..." A morte de Jesus na cruz do Calvário é a prova do eterno, imutável e inescrutável amor de Deus por um mundo perdido – por cada um de nós! O sangue derramado de Jesus é a garantia do amor de Deus para com as pessoas sobrecarregadas de culpa e distantes dEle: "Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores" (Romanos 5.8).

“Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Romanos 5.8).
Jesus, como Filho de Deus, era o único que podia morrer pelos pecados da humanidade. Ele o fez também por você! Em todas as outras religiões procuramos em vão por algo que seja comparável à morte de Jesus por nós. O Senhor é amor em Si mesmo; amor é uma característica do Seu ser. Por isso Ele não pode separar-se do Seu amor. Esse amor começou quando Deus começou – e Ele não tem começo nem fim. Alguém o formulou desta maneira: "Deus é o que é, principalmente por Seu amor." E Friedrich Bodelschwingh cunhou a frase: "Por esta terra não passa ninguém que não seja amado por Deus." O próprio Senhor diz: "Com amor eterno eu te amei" (Jeremias 31.3). Portanto, não há uma só pessoa vivendo sobre a face da terra que não seja amada por Deus.


Deus ama a cada pessoa da mesma maneira. Isso significa que Ele não ama a ninguém mais do que a outro. Agostinho definiu esse amor de Deus de maneira muito apropriada: "Deus ama tanto a cada um de nós como se não existisse ninguém mais a quem Ele pudesse dar Seu amor."
Jamais alguém poderá apresentar-se diante de Deus e afirmar que não foi amado por Ele. Estou profundamente convicto de que, quando os perdidos chegarem diante do trono de Deus e virem o Cordeiro de Deus, ficarão perplexos por não terem aceitado o amor que Jesus lhes ofereceu. Se existisse apenas um único pecador perdido nesta terra, Deus em Seu amor ilimitado teria feito por ele o que fez por todas as pessoas do mundo, através de Jesus Cristo.


É justamente isso que o Senhor Jesus quer expressar com a parábola da ovelha perdida: "Qual, dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la? Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo. E, indo para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. Digo-vos que, assim haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento" (Lucas 15.4-7).


Martim Lutero, com sua linguagem forte, descreveu certa vez o amor de Deus com as seguintes palavras: "Deus é um forno ardente, tão cheio de amor que todo o céu e toda a terra estão envolvidos pelo seu calor."



Norbert Lieth
Extraído do ivro"Conheça a Jesus, único, incomparável, maravilhoso"

Um Novo Cântico


Autor: Paul Proctor
Parte 1


Rick Warren escreveu em um artigo recente publicado em www.Pastors.com que "Não existe música cristã. O que existe são letras cristãs", implicando que toda e qualquer música é aceitável para a adoração contanto que as letras sejam "cristãs"- seja lá o que isso signifique. Eu diria ao pastor Warren que se o grupo AC/DC fornecesse a música de adoração em sua igreja na próxima manhã de domingo, poucos de seus membros e frequentadores seriam capazes de se certificarem se as letras eram "cristãs" ou não devido ao nível de decibéis estridente criado somente pela instrumentação. Minha pergunta é: Sob essas circunstâncias, que diferença as letras fariam?


Na consideração dos "estilos musicais" julgados apropriados ou não para a igreja e a adoração, muitos acreditam hoje que a música, separada de sua letra, é amoral - o que quer dizer que ela não é nem boa nem má. Geralmente, essas são as mesmas pessoas que aceitam a noção humanista de que não existe nenhum absoluto - que o mundo em que vivemos não é nem preto nem branco, mas somente cinzento e relativo. O fato é que a música é uma obra, uma realização, uma ação e um produto da iniciativa humana que pode ser tão moral ou imoral quanto aquele que a executa. Os "progressistas" de hoje dentro do movimento de crescimento de igreja orientado para resultados e sensível aos buscadores, que está atualmente espalhando seus métodos na corrente dominante da vida da igreja, gostariam de nos fazer reconsiderar o que é bom e mau para a adoração e ao mesmo tempo sugerir que é vontade de Deus para você e para mim experimentarmos coisas novas e emocionantes simplesmente por que nunca as experimentamos antes. Isso soa como a lógica da serpente para mim. E, a propósito, pode alguém do novo paradigma me mostrar onde a Bíblia incentiva a experimentação em questões espirituais? Engraçado, eu sempre pensei que era obediência que Deus queria.


Certamente, o Senhor não deu nenhum mandamento que diga "Não tocarás Rock and Roll na igreja aos domingos" mas também não disse "Não realizarás os serviços da igreja no meio de um cruzamento movimentado". Algumas coisas são realmente óbvias. Tendo saído de uma vida de tocar muitos estilos musicais profissionalmente, eu tinha a mesma mentalidade pragmática que os aderentes do Movimento de Crescimento da Igrejas. Francamente, tal atitude é muito comum entre os músicos. Cedo em minha caminhada cristã, tentei incorporar meus gostos barulhentos e exóticos em música em minha vida cristã, não percebendo naquele tempo que os dois eram em grande parte incompatíveis - que, na realidade, meu "gosto musical" tinha um efeito adverso em minhas atitudes e comportamento como cristão. Infelizmente, eu era demasiado egoísta e imaturo para aceitar isso.


A música é muito parecida com o álcool e as drogas. Ela pode ser muito enganadora e destrutiva quando mal empregada e pode distorcer as emoções, o raciocínio, o julgamento, a perspectiva e o comportamento da pessoa. A pressão dos pares somente piora as coisas. A música, com ou sem letras, pode ser uma força muito poderosa em nossas vidas. A razão é que os instrumentais sozinhos podem produzir lágrimas nos olhos ou gritos de uma multidão antes mesmo que uma única palavra seja cantada. Do mesmo modo, outras emoções podem facilmente ser despertadas por melodias e por ritmos sem letras tendo com resultado a alegria, a felicidade, o entusiasmo, a ira, a amargura, a depressão e a raiva. Dizer que a música sem letras é amoral é como dizer que a música sem letras não mexe com as emoções. É um absurdo.


Como Kimberly Smith escreveu em seu livro: Let Those Who Have Ears To Hear (Quem Tem Ouvidos, Ouça), a música tem uma mensagem própria, independente da letra. Se você duvidar disso, observe o que as pessoas fazem em uma multidão quando músicas em volume alto e com batidas fortes são tocadas. Sob o poder e a influência da música e das batidas, elas moverão os braços, pernas, pés, mãos, quadris, cabeças, pescoços, dedos e mesmo seus rostos de formas como NUNCA fariam em uma sala silenciosa ou em um salão de igreja repleto de pessoas. Observe então ao que elas fazem quando a música suave e delicada é tocada. Elas se tornam tão tranqüilas e delicadas quanto a música. Não são as palavras que compelem nossos corpos a responder. É a música. Por que? Porque, OUTRA VEZ, a música tem uma mensagem própria - uma mensagem estimuladora que pode ou não ser consistente com as palavras que estão sendo cantadas.


Combinar mensagens gentis, amáveis e evangélicas com música alta, agressiva, raivosa ou sugestiva somente confunde o ouvinte no sentido de justificar e aceitar quaisquer sentimentos, emoções, pensamentos e atitudes que possam surgir. Embalar a música sensual ou romântica com letras preenchidas com graça e mensagens amáveis meramente disfarça o perigo de enganar e desarmar um ouvinte que normalmente teria discernimento, e levá-lo a aceitar o inaceitável - freqüentemente resultando em confusão, dissipação, desapontamento e derrota. É como dizer que é aceitável beber muito álcool contanto que esteja misturado com suco de fruta. A verdade é que os efeitos intoxicantes do álcool sempre se sobreporão e anularão quaisquer benefícios à saúde que o suco puder oferecer.


O volume em que a música é tocada é outra área em que os limites devem ser colocados para facilitar a adoração. Exceder esses limites pode ser não somente contraprodutivo, mas também muito perigoso. Aprendi muito tempo atrás que quanto mais alta e mais agressiva era a música em meu carro, mais rápido, mais agressiva e mais irrefletidamente eu dirigia. Não é nada diferente no trabalho, em casa, na escola ou na igreja. Se a música errada é tocada na adoração OU mesmo se a música certa for tocada da maneira errada, todos os efeitos positivos serão perdidos. Mesmo uma boa canção pode ser tocada tão ruidosamente em uma sala cheia de pessoas que elas são forçadas a tapar seus ouvidos e correr para fora, provocando uma circunstância conhecida como a "Síndrome do Lutar ou Voar". Exatamente como todos têm seu próprio gosto em música, todos têm seu próprio ponto inicial de tolerância com relação ao volume. Respeitar os limites e ter consideração altruísta pelos outros são essenciais em agradar a Deus, não somente na vida diária mas também na adoração na igreja aos domingos. É por isso que os princípios bíblicos de moderação e humildade são sempre apropriados.


Você sabia que música em um volume alto é tão insalubre que com o tempo, pode prejudicar seu sistema imunológico e danificar permanentemente o desempenho das glândulas supra-renais e causar mais tarde diversos problemas físicos e emocionais na vida - desde depressão até fadiga e alergias, pressão alta, dor nas juntas, fraqueza muscular, constipação e muito mais - ALÉM de o deixar surdo? Sendo esse o caso, você consideraria que o Rock cristão ser executado domingo na igreja a 110 decibéis seja bom ou mau? Algo assim torna o assunto da letra cristã irrelevante, não é?


Embora existam muitas maneiras para julgar qual música é apropriada para a adoração, depois de muito estudo, muita reflexão e muita oração, cheguei à conclusão que a música de alguém, assim como o caráter da pessoa é definido melhor pela atitude. Nossa música de adoração transmite o fruto do Espírito conforme delineado nas Escrituras ou incentiva e celebra nossa natureza pecaminosa e os impulsos da carne?
"Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei." [Gálatas 5:22-23]
Procuramos adorar ao Ancião de Dias com nossa música ou tentamos estimular, gratificar e entreter a nós mesmos usando o que quer que traga o maior número de pessoas e os mais altos aplausos? Nossa música exalta um Deus que não é dado à celebridade, modas, apetites ou devaneios ou serve para exaltar algo ou alguma outra pessoa mais? Nosso cântico louva ao servo sofredor, a Cristo, que foi crucificado e que ressuscitou, ou uma cultura que contemporiza com a lascívia e a vaidade? Estamos oferecendo o cântico a Deus ou aos homens? Nosso canto é diferente das cantigas do mundo ou, com exceção das letras, é quase a mesma coisa? Se nosso estilo de vida for como nosso estilo musical, em nada diferindo do estilo do mundo, que diferença farão as letras "cristãs"?
O Salmo 33:3 diz: "Cantai-lhe um cântico novo; tocai bem e com júbilo."


Muitas das personalidades do Movimento de Crescimento de Igrejas e da Música Cristã Contemporânea de hoje tentarão persuadi-lo que o salmista quer dizer nesse verso que devemos descartar os hinos antigos, os estilos antigos, os modos antigos, os instrumentos antigos, os músicos antigos e os cantores antigos e tocar somente aquilo que for mais recente e em volume mais alto na música cristã contemporânea, seja Rock, hip hop, grunge, metal, jazz, R & B, ou o que quer que faça as pessoas se SENTIREM BEM e os céus se abalarem.
Ou estava o salmista, em vez disso, nos encorajando a cantar sem sentir vergonha de nossa nova vida em Cristo - uma caminhada cheia do Espírito Santo, em arrependimento, fé, humildade e sacrifício, crucificando a carne diariamente em obediência, disciplina, dedicação, perseverança, gratidão e louvor?


Parte 2


"Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo; O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniqüidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras." [Tito 2:13-14]


O que é adoração? Conforme compreendo, adoração é vir diante do Senhor como um povo santo e peculiar, em obediência, humildade, reverência, arrependimento e fé com uma atitude da gratidão, para cantar louvores e glorificar Seu nome, ouvir Sua palavra, e honrá-lo com o todo nosso ser por tudo o que Ele é e pelo que tem feito.


Ao contrário das tendências populares, adoração NÃO é se reunir com todos para festejar em nome de Jesus e nos sentirmos bem conosco mesmos com música e psicoterapia intoxicante.
Claramente, o Senhor não quer que aqueles que são seus pareçam, ajam, e soem como cada outro pecador na rua. Ele quer que sejamos diferentes, distintos, santificados e santos de modo que todos saibam que pertencemos a Ele e não ao mundo. Mas, se formos indistingüíveis do mundo, seremos piores do que inúteis; seremos um insulto e um embaraço e estaremos demonstramos que não somos Dele de forma alguma.


Por que, então, sob o pretexto do pragmatismo, temos nos dedicado a fazer a igreja se parecer, agir e soar exatamente como o mundo não transformado, não arrependido e não regenerado ao nosso redor - basicamente enchendo nossas fortalezas com o inimigo para fazer com que eles se SINTAM como aliados? Como isso glorifica a Deus e propaga o evangelho do arrependimento e da fé em Cristo? Não é a proclamação da nossa transformação e redenção de um estado de perdição e de morte espiritual para sermos uma "nova criatura" [2 Coríntios 5:17] aquilo que o salmista quis dizer com "cantai-lhe um cântico novo..." - para mostrar ao mundo que somos agora um "povo peculiar", separado para Deus, e para Ele unicamente?
Assim, quem está aprendendo a cântico de quem aqui? Quem está fazendo de quem um prosélito?
"Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" [1 Pedro 2:9]
Será que estamos agora receosos de sermos "peculiares" - com vergonha de quem somos e a quem pertencemos? Estamos mais confortáveis parecendo como uma meretriz do que como uma noiva? Se é assim, não negamos a Cristo com nossa desobediência?
"Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus" [Mateus 10:33]


Não é bastante DIZER apenas que somos Dele e CONTAR ao mundo que somos diferentes. Deve ser evidente em TUDO que pensamos, dizemos e fazemos; caso contrário, somos mentirosos, hipócritas e zombadores de Deus - ouvintes da Palavra, mas não praticantes.
"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus." [Mateus 7:21]
Em um artigo recente publicado em www.Pastors.com, Rick Warren, autor de Uma Igreja com Propósitos e Uma Vida com Propósitos, foi citado dizendo: "Acredito que uma das principais questões para a igreja no futuro será como iremos alcançar a geração seguinte com nossa música."
Ele disse "alcançá-los com NOSSA MÚSICA"? É o que as gravadoras e as estrelas do Rock fazem! É isso que Jesus nos mandou fazer? É isso que transforma pecadores da velha vida para a nova - "NOSSA MÚSICA"? Jesus levava uma banda para ajudá-lo a atrair as multidões e de forma que pudesse "alcançar" sua geração com uma música? Se for a música que nos traz ao arrependimento e à fé, por que Jesus não escolheu doze músicos de alto nível para serem seus apóstolos e apenas cantar para nós? Por que gastar tanto tempo discursando sobre a vontade de Deus? É por que naquele tempo eles não tinham amplificadores e eletricidade para lhes fazer "sentir a música"?
Você não tem ouvido falar e visto as pesquisas? As preleções são chatas e deixam as pessoas impacientes e pouco à vontade. Assim, Jesus fez a coisa de forma errada? De acordo com o novo paradigma, sim. Hoje, em vez de aulas e preleções, temos muitos pequenos grupos de discussões sobre nossos sentimentos e opiniões na igreja para ajudar a facilitar a interação e construir melhores relacionamentos uns com os outros.


Veja, a implicação aqui é que precisamos de mais terapia - e não de teologia. É nisso que Rick Warren, Bill Hybels, George Barna, C. Peter Wagner e todos os demais líderes do Movimento de Crescimento de Igrejas querem que você acredite. Mas o que os sentimentos e as opiniões humanos têm a ver com a proclamação da Palavra de Deus? O que é mais importante: que cheguemos a um consenso e nos liguemos um ao outro emocionalmente (Dialética Hegeliana) ou que obedeçamos a Palavra de Deus mesmo se ninguém mais ao nosso redor obedecer?


Você vê o que estão instruindo a igreja a fazer aqui? Reconhece a mudança de paradigma? Não proclame a Palavra de Deus (preleção/pregação/ensino, etc). Vamos, em vez disso, "focar o grupo", nossos SENTIMENTOS e OPINIÕES. E tenha SEMPRE muita música sensual para ajudar a facilitar a transição da didática à dialética. Vejam, amigos; atrás disso tudo está uma ênfase na MÚSICA - não na Palavra de Deus. Assim, agora diga para mim: a mensagem mudou?
"De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus." [Romanos 10:17]


A música, não obstante o "estilo", o volume, o compasso ou a instrumentação, simplesmente não pode realizar o que faz a proclamação da Palavra de Deus. Ela poderia atrair e prender a atenção de uma multidão maior do que faria uma preleção, deixar todos em pé aplaudindo e ajudar todos a se SENTIREM bem consigo mesmos, mas se um pecador perdido e condenado ao inferno, não se importar com a Palavra de Deus, não há uma canção no mundo que o pode salvar. Ele pode até gritar "Jesus, Jesus!!" a plenos pulmões durante o número de encerramento da banda, mas duvido seriamente que tomará sua cruz e seguirá a Cristo quando a música parar e os tempos trabalhosos chegarem - o que me traz à pergunta controversa: O que fazem afinal estes momentos cheios de paixão induzidos pela música nos serviços dos buscadores - ensinam a obediência à Palavra de Deus ou manipulam as emoções e o comportamento das massas na cooperação comum?


Dirigindo-se aos seus ouvintes na Universidade Liberdade, Warren disse aos jovens apenas o que eles queriam ouvir: "Livrem-se do órgão" e "Acelerem o compasso da música", adicionando, "A mensagem não muda, mas os métodos sim".
Ele disse à multidão de ouvintes: "Vocês podem deixar mais pessoas loucas de raiva com música do que com qualquer outra coisa na igreja". Tudo bem - esta então é sua "visão", pastor - deixar as pessoas mais velhas loucas de raiva na igreja até que saiam e possamos enfim ter bons momentos? Não é por isso que os adolescentes rebeldes gostam quando seus pais viajam - para que possam aumentar o volume da música, virar a casa de cabeça para baixo e trazer todos os seus amigos para festejarem à vontade? Alguém vê similaridades aqui? O que estamos encorajando e acomodando na igreja com esse tipo da atitude?


Em muitas igrejas reinventadas em todo o país, isto é EXATAMENTE o que está acontecendo. Em uma estranha e triste ironia, o "sal da terra" está sendo espezinhado e lançado fora por causa de suas "tradições". É assim que honramos nosso pai e nossa mãe e todas as pessoas idosas da nossa geração - aqueles cujos anos do serviço, dedicação e investimento espiritual construíram as próprias casas da adoração, que agora estão sendo renovadas em palácios de festas de "Propósito e Paixão"? Para mim, isto parece mais uma rebelião orquestrada.


Os liberais sempre apontam os fariseus do tempo de Jesus quando querem atacar a "tradição" e a redefini-la como má. Por que? Porque isso serve a uma agenda alternativa - um plano humanista para a mudança contínua, projetada para amaldiçoar o passado e enaltecer o futuro. Além disso, estão usando a rebelião da juventude para fazer isso para eles. Por que você pensa que sempre ouvimos o cliché liberal, "As crianças são nosso futuro"? É porque querem que os internos dirijam o hospício de forma que a dialética possa tomar o controle para trazer a mudança social na igreja por meio da contemporização. Contemporização envolvendo o que? A imutável Palavra de Deus.
Mas Jesus não estava condenando a "tradição" por si mesma. Estava condenando a "perversão" - a perversão que os fariseus estavam fazendo da verdade - a verdade da Palavra de Deus. A perversão da Palavra de Deus tinha ocorrido por tanto tempo que SE TRANSFORMARA NA TRADIÇÃO daquele tempo. Isso de maneira alguma invalida todas as coisas tradicionais. Mas, infelizmente, na igreja pós-moderna, a tradição, com o perdão da palavra, está se tornando rapidamente uma coisa do passado.


Além dos aspectos morais e espirituais da música alta e rápida, existem também algumas questões de saúde a serem consideradas. Quando o corpo humano experimenta dor, libera seus próprios anestésicos naturais na corrente sanguínea, chamados de endorfinas. Como todos sabemos, um dos efeitos colaterais dos anestésicos é a agitação que produzem.


O som alto, sustentado, pulsante e repetitivo prejudica não apenas o ouvido, mas também todo o corpo humano - especialmente as freqüências abaixo de 100 Hertz e níveis acima de 110 decibéis. Quanto mais intensas e unidirecionais forem as ondas sonoras, maiores serão os danos causados às células e mais substâncias anestésicas nosso organismo liberará para amenizar a dor. Essa é uma das razões por que a música alta é tão apelativa aos jovens nos concertos das bandas musicais; porque eles não apenas a ouvem, mas a SENTEM também e, adivinhe, a música alta lhes dá uma sensação agradável, o que me leva a fazer a seguinte pergunta: Aqueles que freqüentam os serviços dos "buscadores" com sua música alta e animada estão sendo alimentados espiritualmente por sua presença e participação ou estão sendo levados sonoramente a sentirem interesse por Jesus? Você chamaria isso de uma experiência motivada pelo Espírito ou pelas endorfinas? Eu chamaria de um incidente relacionado com as drogas.
Outra substância que é liberada no organismo quando a pessoa é exposta ao estresse causado pelo som em volume elevado é a adrenalina. Entre outras coisas, a música alta, como outros eventos e atividades estressantes, produz o que é geralmente chamado de "descarga de adrenalina". A adrenalina ajuda nosso organismo a lidar com o estresse e o trauma provocados pelas ondas sonoras em volume extremamente alto e em baixa freqüência que podem embrutecer os freqüentadores de apresentações de bandas musicais. Como as endorfinas, a adrenalina também é um mecanismo de defesa natural. Se nos sujeitarmos repetidamente a níveis sonoros que forcem nossas glândulas supra-renais a um esforço excessivo para liberarem adrenalina apenas para lidar com o choque auditivo e físico de um concerto de Rock, podemos não somente nos tornar viciados com ela, mas também experimentar muitos dos efeitos físicos e emocionais adversos da supressão ENTRE CONCERTOS (serviços dos buscadores) quando NÃO recebemos a adrenalina que fomos condicionados a receber - potencialmente tornando nossas vidas diárias sem música alta um inferno na Terra. É por isso que nos sentimos com dores no corpo, fatigados, agitados e às vezes deprimidos um dia após termos enfrentado um evento clamoroso. A adrenalina declina junto com o nível sonoro, deixando-nos em um estado menos que desejável.


Falando no seminário "Construindo uma Igreja com Propósitos", Rick Warren teve isto a dizer: "Música alta e barulhenta com uma batida dirigida é o tipo de música que seu povo escutava." Disse, "Somos realmente bem barulhentos em um serviço do fim de semana.... Eu digo, 'Não vamos abaixar o som'. Agora a razão é por que a geração que cresceu a partir dos anos 50, os baby boomers, querem sentir a música, não apenas ouvi-la..."
Entretanto, embora essas observações sejam tristes e reveladoras - nada me preparou para a seguinte afirmação do pastor Warren:
"Insistir que toda música boa veio da Europa duzentos anos atrás - há um nome para isso - racismo."
Você vê o que ele está fazendo aqui? Mostrando "tolerância, diversidade e unidade" (a doutrina diretora do “buscadorismo”), Warren faz o que os liberais SEMPRE fazem aos tradicionalistas, usa o argumento racial para tentar não apenas elevar a si mesmo e sua causa sob um disfarce de humildade e compaixão, mas também envergonhar e silenciar seus críticos "presos ao passado" com hipérbole e insinuação politicamente corretas.
Assim, todos os cristãos mais velhos e tradicionais devem ficar bem atentos, porque torcer o nariz para a música na igreja que é espiritual, emocional e fisicamente nociva faz agora de você um racista.

Paul Proctor reside em uma área rural no estado do Tennessee e é um veterano na indústria da música sertaneja americana. Ele abandonou suas atividades musicais no fim dos anos 90 para se dedicar a abordar importantes assuntos sociais a partir de uma perspectiva bíblica. Como autor independente e colunista regular da
News With Views, exalta a sabedoria e as verdades das Escrituras em seus comentários e opiniões sobre as tendências culturais e os eventos da atualidade. Seus artigos aparecem regularmente em diversos sites de notícias e de opinião na Internet e em publicações impressas.


Tradução: Walter Nunes Braz Jr.

Extraído do site "Espada do Espírito": http://www.espada.eti.br/

Quem nos separará?

Robert Murray McCheyne


“Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: por amor de ti somos entregues à morte todo o dia: fomos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.” Romanos 8:35-37

No contexto há três perguntas notáveis:

“Quem intenterá acusação contra os escolhidos de Deus?” Paulo se apresenta como um arauto, olha para o alto, para os anjos, e para baixo, para os demônios acusadores, olha em volta, para um mundo carrancudo, e para dentro, para a consciência e pergunta: quem pode acusar alguém que Deus escolheu e Cristo purificou? É Deus quem os justifica. O santo Deus declarou os crentes puros nos mínimos detalhes.
“Quem os condenará?” Paulo olha ao seu redor, para todos os juízes do mundo - todos os habilitados para o direito e a eqüidade; olha para cima, para os santos anjos, cuja visão sobre-humana penetra fundo, e muito, o justo governo de Deus; olha para Deus, o juiz de todos, que deve agir com retidão - cujos caminhos são justiça equânime e perfeita - e o apóstolo pergunta: “Quem os condenará?” Foi Cristo que morreu. Cristo pagou o último centavo. Tanto assim que todos os juízes terão que bradar: não há condenação.
“Quem nos separará do amor de Cristo?” De novo ele olha em torno vendo todos os mundos criados - contempla o poder do mais poderoso arcanjo – o poder satânico das legiões de demônios - a fúria de um mundo que desafia Deus – as forças unidas de todas as coisas criadas; e quando vê pecadores abrigados nos braços de Jesus, ele brada: “Quem nos separará do amor de Cristo?” Nem todas as forças de dez mil mundos combinadas, pois Jesus é maior que todos. “Somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.”

O amor de Cristo! Paulo diz: “O amor de Cristo excede todo o entendimento.” É como o azul do céu, que você pode ver claramente mas cuja vastidão você não pode medir. É com o mais profundo mar em cujo seio você só pode ver até certo ponto, porém as suas profundezas são insondáveis. Uma largura sem limite, um comprimento sem fim, uma altura sem tope, uma profundidade sem fundo. Se o apóstolo Paulo, tão profundamente instruído nas coisas divinas – tinha estado no terceiro céu e tinha contemplado o rosto de Jesus – se o próprio Paulo disse isso, quanto mais nós, pobres e fracos crentes, ao observarmos esse amor, exclamamos: excede o entendimento!

Há nessas palavras três coisas sobre as quais eu desejo falar. 1. O amor de Cristo. 2. A pergunta: quem nos separará desse amor? 3. A verdade: quem quer que seja, ou o que quer que seja, não conseguirá.

I. Vou falar sobre o amor de Cristo.

A. Quando começou? – Na eternidade pretérita: “Então eu estava com ele e era seu aluno: e era cada dia as suas delícias, folgando perante ele em todo o tempo; folgando no seu mundo habitável, e achando as minhas delicias com os filhos dos homens”. Este rio de amor começou a fluir antes do mundo existir – desde a eternidade, desde o princípio. O amor de Cristo por nós é tão antigo como o amor do Pai pelo Filho. Este rio de luz começou a correr de Jesus para nós antes dos raios do sol se espalharem – antes dos rios correrem para o oceano – antes dos anjos amarem os anjos e dos homens se amarem. Antes de existirem as criaturas, Cristo nos amou. É uma profundidade imensa - quem a pode sondar? Este amor excede o entendimento.

B. Quem amou? Foi Jesus, o Filho de Deus, a segunda pessoa da Trindade santa e bendita. Seu nome é “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz,” “Rei dos reis e Senhor dos senhores,” Emanuel, Jesus o Salvador, o unigênito do Pai. Sua formosura é perfeita; Ele é o esplendor da glória do Seu Pai e a expressa imagem da Sua Pessoa. Toda a pureza, majestade e amor de Jeová habitam plenamente nEle. Ele é a brilhante Estrela da manhã; Ele é o Sol da justiça e a Luz do mundo; Ele é a rosa de Sarom e o Lírio dos vales – mais belo que os filhos dos homens. Suas riquezas são infinitas; Ele pôde dizer: “Tudo quanto o Pai tem é meu.” Ele é o Senhor de todos. Todas as coisas do céu foram lançadas aos Seus pés – todos os anjos e serafins eram Seus servos – todos os mundos, Seu domínio. Seus feitos foram infinitamente gloriosos. Por ele todas as coisas foram criadas, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra, visíveis e invisíveis. Ele chamou as coisas que não são como se já fossem – mundos passaram a existir por Sua palavra. Contudo, Ele nos amou. Já é muito sermos amados por alguém de posição mais elevada do que a nossa – sermos amados por um anjo; mas, sermos amados pelo Filho de Deus! – que maravilha! – excede o entendimento.

C. A quem Ele ama? Ele nos ama! Ele veio ao mundo “para salvar os pecadores dos quais eu sou o principal” (dos quais eu sou o pior NVI). Se amasse alguém tão glorioso como Ele, não ficaríamos admirados. Se amasse os santos anjos, que refletem a Sua imagem pura e brilhante, não ficaríamos admirados. Se amasse os mais formosos dentre os filhos dos homens – os amistosos, os gentis, os amáveis, os ricos, os grandes, os nobres – não seria uma maravilha tão grande. Mas, ah, Ele amou pecadores – os mais vis pecadores – os mais pobres, os mais indignos, os mais culpados e miseráveis seres que rastejam pela terra. Manassés, que assassinou seus próprios filhos, foi um dos que Ele amou; Zaqueu, o grisalho trapaceiro, foi outro; o blasfemo Paulo, outro; e os lascivos coríntios foram outros mais. “E é o que alguns de (vós) tens sido.” Éramos tenebrosos como o inferno quando Ele olhou para nós – éramos merecedores do inferno, estávamos sob a ira e a maldição decretada pelo Pai – e, contudo, Ele nos amou e disse: vou morrer por eles. “Amaste a minha alma e a livraste da cova da corrupção” (ARA), cada salvo poderia dizer. Oh irmãos, este é um estranho amor: Aquele que era tão grande, belo e puro, escolheu-nos, a nós, que éramos indignos e que estávamos manchados pelo pecado, e o fez para lavar-nos e purificar-nos, e apresentar-nos a Si mesmo. Este amor excede o entendimento.

D. O que Lhe custou este amor? Por amor a Raquel, Jacó serviu sete anos por ela – suportou o calor do verão e o frio do inverno. Mas Jesus suportou o terrível calor da ira de Deus e as rajadas infernais da fúria de seu Pai, por aqueles que Ele amou. Jônatas amava Davi com amor maior do que os das mulheres, e por amar Davi teve que suportar a ira de seu pai Saul. Todavia Jesus, por amor a nós, suportou a ira de seu Pai derramada sem mistura que a abrandasse. Foi o amor de Cristo que O levou a renunciar ao amor do Seu Pai, à adoração dos anjos e ao trono da glória. Foi Seu amor que O levou a não recusar o ventre da virgem – foi Seu amor que O levou a manjedoura de Belém – foi Seu amor que O impeliu para o deserto; o amor vez dEle o varão de dores – Seu amor O levou a fome, à sede, à fadiga – Seu amor O levou a ir resolutamente para Jerusalém – Seu amor O levou ao triste e sombrio Getsêmani – Seu amor O forçou e O arrastou às barras do tribunal – Seu amor O cravou na Cruz – Seu amor inclinou Sua cabeça sob o espantoso fardo da ira do seu Pai. “Ninguém tem maior amor do que este.” “Eu sou o bom pastor: o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas.”

Os pecadores estavam afundando nas escaldadoras chamas do fogo do inferno; Ele mergulhou nas chamas e nadou através dos terríveis vagalhões, e juntou em Seu seio os que são Seus. A espada da justiça estava em punho e reluzente, pronta para nos destruir; Ele, o Homem que era companheiro de Deus, expôs seu peito e deixou que o golpe caísse sobre Ele. Nós estávamos postos como um alvo para as flechas da vingança de Deus; Jesus veio entre nós e as fechas, e elas O feriram, atravessando-O de lado a lado – todas as setas que deveriam ferir-nos cravaram-se nEle. Ele, em Sua própria Pessoa, levou os nossos pecados sobre Si, em Seu corpo, no madeiro. Quanto o Oriente dista do Ocidente, assim para tão longe Ele removeu nossas transgressões de nós. Este é o amor de Cristo, que excede o entendimento. É isso que é posto diante de nós, o pão partido o vinho vertido. É isso que veremos no trono – um Cordeiro como que tendo sido morto. Este será o tema dos nossos cânticos durante a eternidade: “Digno é o Cordeiro!”

1) Oh, a alegria de estar no amor de Cristo! Você está nesse admirável amor? Ele o amou e o tirou da cova da corrupção? Então, Ele o levará e fará de você um rei e um sacerdote para Deus. Ele o lavará em Seu próprio sangue e o deixará mais alvo que a neve – Ele o limpará de toda a sua sujeira e de todos os seus ídolos. Dará também a você um novo coração. Manterá limpa a sua consciência, e o seu coração reto para com Deus. Ele colocará o Seu Espírito dentro de você e o fará orar com gemidos inexprimíveis. Ele o justificará – orará por você – Ele o glorificará. O mundo inteiro pode opor-se a você – amigos queridos podem morrer e abandoná-lo – pode ser que você seja deixado sozinho no deserto; mas você não estará só – Cristo continuará amando você.

2) Oh, a miséria de estar fora do amor de Cristo! Se Cristo não o amar, como serão inúteis todos os outros amores! Seus amigos podem amá-lo – seus vizinhos podem ser bondosos para você – o mundo pode elogiá-lo – os ministros podem amar a sua alma; porém, se Cristo não o amar, todo o amor das criaturas será inútil. Você permanecerá não lavado, não perdoado, não santo – você afundará no inferno, e todas as criaturas estarão ao redor de você e não conseguirão esten-der suas mãos para ajudá-lo.

3) Como saberei que estou no amor de Cristo? Por ser atraído por Cristo: “Com amor eterno te amei, também com amorável benignidade te atraí_ Jr 31:3” Você vê alguma coisa em Jesus que o atraí? O mundo é atraído pela beleza, pelas vestes, por jóias brilhantes – o que o atraiu para Cristo teriam sido Seus bons ungüentos? Está é a marca de todos os que são gravados no coração de Cristo – eles vêm a Ele; eles vêem que Jesus é precioso. O mundo folgado não vê nenhuma preciosidade em Cristo; quem é do mundo dá maior valor à luxúria, ao aplauso do mundo, ao dinheiro, aos prazeres; mas quem é de Cristo gosta de ser levado após Ele por verem sua preciosidade. Você O tem seguido assim – tem-se agarrado a Ele como um pecador que vai naufragando? – então Ele de maneira nenhuma o lançará fora – de maneira nenhuma, nem mesmo por tudo quanto você tem feito contra Ele. “Mas eu passei os meus melhores dias no pecado.” Ainda assim, de maneira nenhuma o lançarei fora. “Eu vivi abertamente no pecado.” De maneira nenhuma o lançarei fora. “Mas eu tenho pecado contra a luz e a convicção que recebi.” – Ainda assim, não o lançarei fora. “Mas eu sou um extraviado.” Ainda assim os braços do Seu amor estão abertos para envolver a sua pobre alma culpada, e Ele não o lançará fora.


II. Muitos gostariam de separar-nos do amor de Cristo.
Desde o princípio do mundo, o grande objetivo de satanás tem sido separar os crentes do amor de Cristo; e, apesar dele não ter conseguido nem no casa de uma só ama, continua tentando fazer isso com o mesmo empenho do início. No momento em que ele vê o Salvador levantar e levar sobre seus ombros uma ovelha, dessa hora em diante ele aplica todos os seus esforços para arrancar a ovelha salva do seu lugar de repouso. No momento em que as mãos feridas de Jesus são postas sobre um pobre, trêmulo e culpado pecador, dessa hora em diante satanás tenta arrancá-la das mãos de Jesus.

A. Satanás fez isso nos tempos antigos. “Como está escrito: por amor de ti somos entregues à morte todo o dia: fomos reputados como ovelhas para o matadouro.” (versículo 36.) Esse brado é tomado do livro dos Salmos. O povo de Deus em todas as eras tem sido odiado e perseguido por satanás e pelo mundo. Observemos, (1) O motivo: “Por amor de ti” – porque eles se assemelhavam a Jesus e pertenciam a Jesus. (2) O tempo: “todo o dia” – de manhã à noite. O mundo tem um perpétuo ódio aos crentes verdadeiros, de modo que temos de dizer todas as noites: “Ah, quem me dera ver a manhã!” e de manhã: “Ah, quem me dera ver a noite!” Eles não tem outro ódio perpétuo senão esse. (3) A maneira: “fomos reputados como ovelhas para o mata-douro.” O mundo se inquieta menos em maltratar os cristãos do que o açougueiro de levar uma ovelha para o matadouro. Até os bêbados fazem canções sobre nós. Esse foi o clamor dos crentes antigos. O mesmo clamor foi ouvido nos picos nevados do Piemonte; e, em dias mais recentes, nos verdes vales e colinas da Escócia. E estamos miseravelmente enganados se nos gabarmos de que esse clamor não será mais ouvido. O diabo terá mudado? Será que agora ele tem algum amor por Cristo e por Seu amado povo? Acaso os corações dos mundanos mudou? Odeiam Deus e o povo de Deus menos que antes? Oh, não! Eu tenho a profunda convicção de que, se Deus tão-somente retirasse a Sua mão restritiva, logo os portais da perseguição se abririam e ela se despejaria de novo sobre nós num verdadeiro dilúvio; e muitos dos presentes tendo permanecido na incredulidade sob o nosso ministério, vão tornar-se perseguidores sangrentos – se vingaram dos sermões que tem feito os seus corações compungir-se.

B. O apóstolo enumera sete formas pelas quais a tribulação vem. Duas delas relacionam-se com os problemas comuns à humanidade, e cinco às que são mais peculiares aos filhos de Deus.

1) Tribulação e tristeza: “O homem, nascido da mulher, é de bem poucos dias e cheio de inquietação. Sai como a flor, e se seca; foge também como a sombra, e não permanece.” Os filhos de Deus não estão livres de pesares – doença, pobreza, perda de amigos. Jesus lhes disse: “No mundo tereis aflições.” “O Senhor corrige o que (ele) ama.” Ora, satanás procura tirar vantagens desses tempos de tribulação, tenta separar alma do amor de Cristo; tenta levar o crente a menosprezar a disciplina do Senhor – a afundar em ocupações, ou entre amigos mundanos, ou a seguir meios mundanos de suavizar a tristeza. E mais: ele tenta fazer com que a alma desfaleça sobre as aflições – murmure e se queixe, e faça estultas acusações contra Deus – a não crer em Seu amor e em Sua sabedoria na fornalha. Dessas diferente maneiras satanás procura separar-nos do amor de Cristo. Tempos de tribulação são tempos perigosos.

2) Perseguição, fome, nudez, perigo, espada – todas estas coisas são armas de que satanás faz uso contra os filhos de Deus. A história da Igreja, em todos os períodos, é uma história de perseguição. Nem bem uma começa a mostrar interrese pela religião – nem bem uma alma se apega a Jesus, e o mundo se põe a comentar o sofrimento daqueles que Deus feriu. Que cruéis palavras são lançadas contra a alma aflita! Em todas as épocas a seguinte descrição tem sido real: “Andaram vestido de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (Dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos e montes, pelas covas e cavernas da terra. ARC Hb11:37,38.” Aqueles que comem o pão de Deus muitas vezes são expulsos da sua refeição tranqüila – os que estão vestidos de Cristo muitas vezes são forçados a compartilhar as vestes do mundo e têm que ser expostos a fome, nudez, perigo e espada – ao extremo dos extremos. Caim matou Abel. Assassinaram o Príncipe da Vida; e assim os Seus têm sido expostos sempre as mesmas coisas. Não diga: os tempos estão mudados, e os dias atuais são dias de tolerância. Cristo não mudou – satanás não mudou, e, quando der certo para ele, ele usará as mesmas armas.

III. Essas coisas todas não podem separar-nos.
“Em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou”
Como é que somos mais que vencedores?

A. Vencemos mesmo antes de se travar a batalha. Em toda as outras batalhas não sabemos para que lado vai pender a vitória enquanto não for conquistada. Na batalha de Waterloo, durante bom tempo se pensava que os franceses tinham vencido; e Napoleão enviou vários despachos a Paris dizendo que ele tinha vencido. Entretanto na luta contra o mundo, satanás e a carne, já sabemos de que lado está a vitória. Cristo Se encarregou de conduzir-nos através da peleja. Ele nos guarda dos dardos da lei ocultando-nos em Seu sangue. Ele nos defende do poder do pecado pelo Espírito Santo, introduzido em nós. Ele nos protege no lugar secreto da Sua presença contra o conflito de línguas. Quando mais densa estiver a batalha, mais perto de Si Ele nos manterá; por isso já podemos cantar: “Graças a Deus que nos da a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo.” Sabemos que venceremos. Ainda que o mundo se enfureça um milhão de vezes mais – ainda que as chamas da perseguição voltem a acender-se - ainda que o meu coração se torne um milhão de vezes mais iníquo – ainda que todas as tentações do inferno sejam soltas sobre mim – sei que vencerei por meio dAquele que me amou. Quando Paulo e Silas cantavam no cárcere interior, eram mais que vencedores. Quando Paulo cantou, apesar do seu espinho, “(Eu) me gloriarei nas minhas fraquezas”, estava sendo mais que vencedor.

B. Vencemos por nosso conflito. Muitas vezes a vitória é derrota. Foi assim naquela batalha em Israel, depois daquela tenebrosa noite em Gibeá. Todo o Israel chorou, pois case uma tribo inteira desaparecera de Israel; e assim, em muitas vitórias a canção de triunfo é misturada com os suspiros da viúva e do órfão. Não é assim no bom combate da fé. Somos mais que vencedores. (1) Apegamo-nos mais a Cristo. Toda onda de tribulação por amor de Cristo eleva a alma a uma posição mais alta sobre a Rocha. Toda seta de crueldade ou de amargor atirada no crente pelas costas faz com que ele se esconda mais no fundo das fendas de Jesus, nossa Rocha. Fique contente, caro irmão e irmã, ao ter que suportar estas aflições, que fazem você se apegar mais estritamente ao seu amado Redentor. (2) Elas nos sacodem e nos livra do pecado. Se fôssemos do mundo, o mundo amaria o que então seria seu. Se o mundo sorrisse para você e o bajulasse, você se deitaria em seu regaço. Mas quando o mundo se nos mostra severo, Jesus é então o nosso tudo. (3) Maior é seu galardão no céu. Obtemos uma coroa mais brilhante. Não tenha medo; nada jamais separará você do amor de Cristo. Oh, se os braços de Jesus envolvesse você agora – então saberia que todo o ódio dos homens e toda a tática do inferno jamais prevalecerá! “Se Deus é por ti, quem pode ser contra você?” Se Deus o escolheu - o chamou - o lavou – o justificou – então Ele te glorificará. Oh, entregue-se em Suas amorosas mãos, você que não está longe do reino de Deus! Que Ele ti lave, e então Ele levará você a glória.

Dundee, 30 de outubro de 1841


Fonte: Livro Sermões Robert Murray McCheyne p.178-190
Editora: Publicações Evangelicas Selecionadas-PES