Tradução

segunda-feira, 21 de agosto de 2006

A Perseverança dos Santos

Luciano Hérbet

A doutrina da Perseverança dos Santos significa que todos aqueles que foram salvos, mediante o sacrifício remidor de Jesus Cristo, não podem perder a salvação eterna, ou seja, são impossibilitados de cair definitivamente de seu estado de graça. Objetivamente podemos concluir que “uma vez salvo, sempre salvo”. Trata-se de uma doutrina aceita por poucos hoje em dia – basicamente só é defendida pelos calvinistas. A igreja católica e a maior parte dos evangélicos negam a doutrina da perseverança dos santos e a colocam na dependência da vontade humana. Nenhuma doutrina ou ensino devem ser aceitos pelos crentes simplesmente porque são “abraçados” pela maioria, e sim ao passar pelo crivo das Escrituras Sagradas.

Provas Bíblicas a respeito da Perseverança dos Santos:

01. O que acontece na REGENERAÇÂO dura para sempre:
  • “Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” (João 5:24);
  • Fostes regenerados, não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente” (I Pedro 1:23);
  • Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente” (I João 3:9).


Você consegue imaginar alguém que passou da morte para a vida voltar novamente à morte? Se fosse possível, então teríamos um sério problema com a descrição bíblica de vida eterna. Um crente não receberá a vida eterna quando Jesus voltar, ele já a tem hoje – desde o momento em que seu nome foi escrito por Deus no livro da vida (Ap. 21:27). Aceitar a idéia de que o verdadeiro crente pode perder a salvação é pensar que, além do lápis, Deus também precisaria de uma borracha para escrever e apagar o nome daquele que ganha e perde a vida eterna. A graça de Deus, a sua divina semente, que é incorruptível e permanente, produz no crente a vida eterna e o livra do juízo divino. Conferir: Jo. 10:27 a 29; II Ts. 3:3; Rm. 8:1; Ef. 4:18.

02. Há uma UNIÃO INDISSOLÚVEL entre Cristo e o crente:

  • Quem nos separará do amor de Cristo? (...) nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Romanos 8:35 a 39);
  • “... e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará de minhas mãos” (João 10:28);
  • Jesus... tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim” (João 13:1).

A união de Cristo com a sua igreja é indivisível, incapaz de ser dissociada. Algo pode trazer tanto conforto e regozijo para o crente como estar ligado para sempre com o seu Salvador? Conforme as Escrituras todos os crentes compartilham da vida de Cristo pelo seu Espírito. Tornamo-nos, através dessa união que é permanente, o próprio corpo de Cristo. Conferir também em Cl. 3:3,4; Rm. 5:10.

03. As promessas de Deus revelam a SEGURANÇA da nossa salvação em Cristo:

  • Aquele que crê no Filho tem a vida eterna...” (João 3:36);
  • Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (João 5:24);
  • Sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para salvação” (I Pedro 1:5).


Deus nos reconciliou consigo através de Jesus Cristo. Através dessa nova aliança Deus nos assegura a salvação. As promessas de Deus não são revogáveis e certamente se cumprirão integralmente. É a obra do Espírito Santo em nossas vidas que nos dá garantia de nossa salvação. Ele completa a sua obra em nós (Fp. 1:6). Não é a vontade, o esforço ou o pelejar do homem, mas o poder de Deus, que nos preserva para a vida eterna. Como afirmou um teólogo do século passado: “Porque Deus é que persevera e não nós, é que somos salvos”. Conferir em: Is. 32:40; Rm. 11:29.


04. A INTERCESSÃO de Jesus Cristo preserva a nossa fé:

Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hebreus 7;25);
  • Eu bem sei que sempre me ouves...” (João 11:42);
  • Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça...” (Lucas 22:32).

  • Cristo em seu sacrifício já pagou o preço de nossos pecados. Fomos justificados por Ele. Agora, como Sumo Sacerdote, nosso mediador, intercede por nós junto ao Pai. Suas orações são eficazes e Ele vive para interceder por aqueles que Lhe foram dados pelo próprio Pai. A graça de Jesus é que preserva e fortalece a nossa fé, ou seja, perseveramos na fé como resultado da intercessão, do ministério sacerdotal de Jesus. O Senhor Jesus também nos enviou o seu Santo Espírito para ser o selo ou garantia (penhor) de nossa salvação. Conferir também em: I Co. 1:22.


    Algumas objeções quanto à doutrina da Perseverança dos Santos

    Uma das acusações mais comuns a doutrina da Perseverança dos Santos é de que a mesma conduz a negligência quanto aos deveres espirituais e até mesmo à imoralidade. Trata-se aqui de mal compreensão da doutrina, quando concluem que “uma vez salvo posso fazer o que quiser, pois estou salvo mesmo”. O próprio nome já diz tudo: perseverança dos SANTOS, isso quer dizer que ela garante ao crente uma perseverança na santidade e não no pecado. Hebreus 12:14 afirma contundentemente: “... a santidade ... sem a qual ninguém verá ao Senhor”. Tampouco essa doutrina negligencia a responsabilidade do homem, embora deixa claro que o homem é guardado pela graça divina. Gostaria de focalizar as objeções baseadas nos textos bíblicos daqueles que acusam a doutrina da Perseverança dos Santos de ser contrária as Escrituras Sagradas. Examinemos os textos mais citados:
    • Mateus 24:12,13; 1 Timóteo 1:19; Hebreus 6:4-6

    Uma análise mais detalhada dessas passagens revela claramente que essas pessoas que se apostataram da fé não eram salvas. Estavam com os crentes, participavam das mesmas coisas que eles, eram abençoados igualmente em muitos aspectos, eram chamados de crentes, mas não eram verdadeiramente crentes. Talvez a conclusão errônea de muitos que acreditam que o crente pode perder a salvação se dê por causa das observações em experiências e não na Palavra de Deus. Eu explico: uma pessoa membro de igreja por muitos anos, ou até mesmo pregadores do Evangelho, abandonam a sua fé e acabam morrendo nessa situação, então conclui-se que crentes podem perder a salvação. Isso é análogo a afirmação de que crentes também podem ser possessos por demônios, conclusão baseada nas experiências de membros de igreja que manifestaram possessão demoníaca. A Bíblia afirma reiteradas vezes que muitos se apostataram da fé, mas em lugar algum ela afirma que se trata dos eleitos. João deixa isso muito claro: “Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós” (1 Jo. 2:19).

    Acredito que o texto mais difícil seja o de Hebreus 6:4-6, contudo observe que o autor dessa carta se refere nesse capítulo a dois grupos de pessoas: O primeiro, nos versos 4 a 6, ao grupo de pseudocristãos (pessoas não regeneradas que estão nas igrejas) – pessoas de grandes realizações no campo da igreja (da religião), contudo são pessoas que não se renderam completamente a Jesus. Comparar com Mateus 7:22,23.
    O autor da carta se volta agora (verso 9) para os verdadeiros crentes: “mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores...”. Bem, concluímos então, a partir das Escrituras, que os eleitos de Deus permanecerão firmes até o fim, sustentados pela graça divina. Isso não quer dizer que um crente não possa cair, mas que ele não morrerá nesse estado. Que a doutrina da Perseverança dos Santos não nos instiga a negligência e sim que nos encoraja à santificação, que se torna um conforto e segurança para todos aqueles que verdadeiramente amam o Senhor Jesus Cristo.


    Bibliografia:
    01. Dagg, John L. Manual de Teologia; 3ª Edição; Editora Fiel, 2003.
    02. Berkhof, Louis. Teologia Sistemática; 5ª Edição; Editora Luz para o Caminho, 1998.
    03. Kennedy, D. James. Verdades que Transformam; 3ª Edição; Editora Fiel, 1998.

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