“E foi lhe dirigida uma voz (de Jesus): Levanta-te, Pedro, mata e come. Mas Pedro disse: De modo nenhum, Senhor...” Atos 10:13,14
Luciano Hérbet
Lendo a passagem bíblica em Atos 10 podemos perceber claramente uma contradição nas palavras de Pedro. Ele recebeu uma ordem direta de Jesus: “levanta-te, Pedro, mata e come”. Mas qual foi a atitude de Pedro? “De modo nenhum, Senhor!”. Existe em nós algum conhecimento, experiência ou qualquer outra capacidade que seja suficiente para questionarmos a vontade de Deus?
É de fato Jesus o Senhor de nossas vidas?
O apóstolo Tiago, irmão do Senhor, no início de sua carta se apresenta como “doulos” de Deus e do Senhor Jesus Cristo. Essa palavra grega traduzida por “servo” traz o significado de “escravo”. O escravo é aquele servo cuja vontade está submissa à de seu senhor. Sua própria vida, desejos e ambições se encontram nas mãos de seu dono. O Espírito Santo nos ensina através de Paulo que fomos criados para a glória de Jesus (Efésios 1: 3-14). Quando nossas vidas revelam o senhorio de Jesus, então tornamos essa glória manifesta ao mundo.
Infelizmente, muitos de nossos irmãos ainda não entregaram suas vidas sem reservas a Jesus Cristo. Alguns retêm suas posses, talentos, tempo e a própria vida. Entregaram-se parcialmente a Jesus. Vontades, ambições e desejos próprios dominam o coração desses crentes. Têm medo do que Cristo pode pedir a eles. Será uma grande decepção para esses crentes quando perceberem que quando Jesus não é Senhor de toda a sua vida, então Ele não é Senhor de nada que temos. Para estes, será uma grande tristeza quando Jesus, o Rei dos reis e Senhor dos Senhores, os envergonhará diante de seu Pai e de seus anjos.
É de fato Jesus o Senhor de nossas vidas?
Podemos identificar algumas características naqueles que têm amado a Cristo com todo o seu ser (Dt. 6:5):
(1) Consagração: é a entrega total e sem reservas de todo o meu ser e de tudo o que possuo nas mãos do Senhor. Tudo o que temos (literalmente família, posses, bens, profissão, salário, objetos) e o que somos (intelecto, dons, talentos, habilidades) pertencem ao Senhor Jesus. Consagração é o compromisso de dedicar a minha vida para a glória de Deus. Isso implica que tudo que envolve a minha vida tem que está direcionado para a Sua glória. O que eu faço glorifica a Deus? É a Sua vontade que eu faça isso ou aquilo? Podemos ver um claro exemplo de consagração a Deus na vida de Daniel e de seus três amigos (Dn. 1).
(2) Renúncia: quando já tenho entregado tudo a Cristo, com a convicção de que Ele e o seu reino são as prioridades máximas em minha vida, então quando solicitado pelo Senhor estou prontamente disposto a abandonar qualquer coisa. Pensamos na renúncia apenas no que tange as coisas ilícitas e que nos atraem como os prazeres e as coisas mundanas, mas devemos ter o cuidado das coisas lícitas, que per si não são pecaminosas, mas que podem nos afastar dos propósitos de Deus para as nossas vidas. Alguns têm desobedecido a Cristo porque família, status, profissão e outras coisas têm se tornado mais importante do que a vontade de Deus. Depois de Cristo, o maior exemplo de renúncia nas Escrituras encontro na pessoa de Abraão. Ele foi capaz de renunciar o seu próprio filho, o que ele tinha de mais precioso aqui, por amor e fidelidade ao seu Deus.
(3) Temor do Senhor: certa vez ouvi de um colega que ele tinha o desejo de “tomar uma cervejinha”, mas que tinha medo de que seu pastor soubesse. Será que a motivação correta de não nos envolvermos em práticas que consideramos ilícitas é o medo da punição, do castigo? Esse sentimento revela mais uma preocupação consigo mesmo do que com a glória de Deus. A Bíblia diz que devemos andar “com temor e tremor” (Fp. 2:12), isso porque todo o pecado gera conseqüências. Explicando esse versículo, John MacArthur ensina que “essas palavras juntas (phobos e tromos) falam de um saudável temor em ofender a Deus e de um anseio correto para fazermos aquilo que é justo aos olhos dEle”1.
Infelizmente, muitos dos que afirmam ter recebido a Cristo como o salvador de suas vidas não têm demonstrado que Ele também é o Senhor. Vivem como se não pertencessem a um Deus que é Santo, e que tem o direito de fazer o que quiser com as nossas vidas. A submissão ao senhorio de Cristo é tão evidente nas Escrituras como algo destinado aos seus discípulos, que autores como John MacArthur chega a defender a “salvação pelo senhorio"2 . Tenhamos em nosso coração a sincera gratidão ao nosso Deus, que nos criou e nos salvou. Santifiquemo- nos totalmente para o nosso Deus e Salvador Jesus Cristo, com inteira consagração para o Seu serviço.
É de fato Jesus o Senhor de nossas vidas?
Se sim, poderemos cantar de verdade e alegremente o hino sacro:
Não sou meu, Oh, Não sou meu,
Bom Jesus sou todo teu.
Desde agora e para sempre,
Bom Jesus sou todo teu.
Luciano Hérbet O. Lima
Membro da Igreja Bíblica Congregacional em Vitória da Conquista - BA
Editor da revista Sã Doutrina
Notas:
1. MacArthur, John. O Evangelho segundo Jesus (Editora Fiel);
2. MacArthur, John. Nossa Suficiência em Cristo (Editora Fiel)
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