Tradução

quarta-feira, 30 de maio de 2007

A Política de Humanização e a Legalização do Aborto

L. Hérbet

“Abra a tua boca a favor do mudo, pela causa de todos que são designados à destruição” Provérbios 31:8


Como profissional de saúde, especialista em saúde pública, e servidor no Programa de Saúde da Família (PSF), recebi com grandes expectativas a política de Humanização do Governo Federal para o Sistema Único de Saúde (SUS), denominada de Humaniza-SUS. Essa política é um dispositivo necessário para efetivar o nosso SUS como um sistema de saúde universal e equânime, com acolhimento de qualidade para os seus usuários. Trata-se, portanto, de uma política desafiadora. O que tem me deixado indignado é o fato de que, enquanto o Governo fala de HUMANIZAÇÃO, ou seja, de acolhimento, respeito, cuidado, responsabilização, valorização da vida, por outro lado, ele se coloca totalmente favorável à legalização do ABORTO – um crime cometido contra a vida do ser humano. Portanto, uma contradição de conceitos e de postura.

Trata-se da maior HIPOCRISIA. O atual presidente da república, o Srº. Luís Inácio, afirmou em rede nacional que, apesar de pessoalmente não concordar com o aborto, ele não pode ser contra a sua legalização por se tratar de uma “questão de saúde pública”. Embora alguns poucos políticos do partido dos trabalhadores (PT), como o deputado baiano Walter Pinheiro, membro da igreja batista da Pituba (Salvador-Ba), se colocar publicamente contra o aborto, sabe-se que existe todo um projeto para a sua legalização, desenvolvido como parte do plano de governo do PT.

Alguns alegam que legalizado ou não, o aborto já é uma prática instituída em nosso país, e que dezenas de jovens têm perdido a vida por conta dos abortos realizados em clínicas clandestinas. A sua legalização poderia evitar a maioria dessas mortes, já que seriam realizadas sob melhores condições e com aparato legal do governo. Não tenho dúvidas de que ocorreria uma redução acentuada da mortalidade materna nessa situação (mortes por causa de abortos), todavia não posso concordar com o extermínio de milhares de inocentes por conta de atos irresponsáveis de seus pais (de um deles ou de ambos). Nós, que tememos a Deus, não podemos ser a favor e nem mesmo indiferentes a essa questão. Trata-se aqui de um princípio em prol da vida. Sabemos que nem tudo o que é legal é também moral, por isso minha posição diante do aborto será sempre de condenação, mesmo que ele venha a ser legalizado por nossos deputados e senadores.

O aborto é um dos crimes mais covardes e repugnantes, é a maior demonstração de desrespeito ao ser humano. Nosso governo, em seu setor de saúde pública, representado pelo Ministério da Saúde, prega a HUMANIZAÇÃO como política de respeito e acolhimento aos usuários dos SUS, ao mesmo tempo em que é a favor dessa abominável prática de extermínio de inocentes. Que contradição!

Que Deus, o justo Juiz, tenha misericórdia de nossa nação.

Luciano Hérbet Oliveira Lima
Residente em Medicina Social pelo Instituto de Saúde Coletiva/UFBA.
Blogs:
www.katalage.blogspot.com e www.astrosnomundo.blogspot.com

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