Tradução

quinta-feira, 22 de março de 2007

O Temor do Senhor

Adrian J. Moggré

O Senhor foi para o seu povo (Israel) um Deus perdoador, ainda que tenha exercido seu juízo sobre os feitos deles. O poeta do salmo 99 glorifica ao Deus de Israel com estas palavras: " O Senhor reina; tremam os povos... Louvem o teu nome, grande e tremendo, pois é santo. Também o poder do Rei ama o juízo; tu firmas a equidade, fazes juízo e justiça em Jacó... tu fostes um Deus que lhes perdoaste, ainda que tomaste vingança dos seus feitos". O mundo pré-diluviano experimentou a ira divina, e mais tarde outras nações também sofreram dolorosamente. De fato, nosso Deus é digno de ser temido. A Bíblia trata com frequência acerca do temor do Senhor. Quem não conhece, por exemplo, as palavras tão frequentemente mencionadas de provérbios 1:7 que "o temor do Senhor é o princípio da sabedoria"?

Uma vida no temor do Senhor é uma nota essencial para uma fé viva. Daí que, para todo cristão, será muito importante sempre recordar o que é o temor do Senhor. O que nos diz a Palavra de Deus sobre o assunto? Quando as Escrituras Sagradas se ocupam do temor do Senhor elas apontam com muita luz na direção da reverência e da veneração ao Pai celestial, criador dos céus e da terra. Portanto, entende-se que por andar em caminhos equivocados e com sua vida presa ao pecado, o indivíduo encontra-se numa situação delicada diante de Deus. Da mesma forma que um menino que cometeu uma diabrura e sente-se agora em dificuldades com o pai por ter provocado algum dano, acontece com os verdadeiros filhos de Deus. Quando são desobedientes ao Senhor, e permitem ser enganados e até levados a praticar más ações, então eles não permanecem tranquilos e eles não passam bem intimamente. A consciência deles os acusa e eles têm temor à ira e o castigo de Deus e se dispõem a confessar ao Senhor. Intencionalmente eu mostro a angústia do filho ante seu próprio pai, porque aqui é preciso distinguir muito bem esse tipo de temor. O conceito que desejo indicar de modo algum trata-se do pânico angustiado de um escravo diante das arbitrariedades de seu duro e insensível senhor; tampouco é comparável e relacionado com a angustia de um cidadão indefeso frente as brutalidades e os rudes caprichos e anseios de poder de um ditador tirano. Com a expressão "o temor do Senhor", a Palavra de Deus traz o sentido de respeito filial ao Senhor.

É o verdadeiro medo em se viver uma vida no pecado. David temia a Deus e, depois do adultério com Betsabé e o homicídio de Urías, ele teve verdadeiro medo pelas consequências. Será que Deus em Sua ira justa faria com que sua vida terminasse como a de Saúl, seu antecessor? David ficou profundamente angustiado, e por isso ele implorou: "Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo" (Salmo 51:11). Tinha acontecido desse modo a Saúl e David tinha presenciado de perto o que aconteceu com o monarca e por isso também sofreu. O Senhor havia retirado Seu Espírito de Saúl, e havia enviado para ele um espírito mal. Era algo horrível. Os últimos anos do governo do rei Saúl se converteram num montão de misérias. Também para David ocorreria agora outro tanto? depois de seu pecado com Betsabé? Temeu por si mesmo e naquela aflição clamou ao Senhor o perdão, e ele rogou a Deus que não afastasse dele o seu Espírito Santo. Era um clamor do fundo de uma consciência sem paz e em angústia para o castigo merecido. Nisto consiste a vida ou o viver no temor do Senhor: uma vida, que mais tarde o apóstolo Paulo encorajou ao filipenses com estas palavras: "...operai a vossa salvação com temor e tremor" (Fil. 2:12). Também Pedro exorta os seus leitores: "...andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação" (1 Pe. 1:17).

É natural que nada se produza ou resulte de uma vida cristã onde os crentes julgam ou pensam que Deus jamais opera o sofrimento ou a dor na vida de uma pessoa, e que nada tem que fazer com o mal (injustiça) neste mundo. Se o Senhor não dispuser da dor ou sofrimento, e nem tampouco move um dedo, nem agora nem nunca, diante daqueles que vivem no pecado, então Seus filhos não têm razão para temê-lo. Como tampouco alguém pode falar de uma vida de acordo com as Escritas no temor do Senhor se ela não quiser saber qualquer coisa sobre a mão de Deus na dor. Isto é algo que você não pode imaginar. Quem não quer ouvir que Deus utiliza do sofrimento, não teme ao Senhor. Além disto, ainda pergunta: Deus quer que exista o inferno? ou quer aquele sofrimento? Mas, quem, continuará ainda temendo o Senhor? Não se poderá dizer de muitos crentes o mesmo que David expressou dos infiéis na igreja do Antigo Testamento: "...Não há temor de Deus perante os seus olhos" (Salmo 36:1).

Uma vida no temor do Senhor - é o que Deus espera de nós; e esse tipo de vida é apontada na exposição de Filipenses 2:12 como sendo uma vida de sentimento humilde de si próprio, e com uma diligência grande e filial, temendo que possa realizar ou desejar algo que entristeça ou provoque a ira de Deus, ou que pudesse dar mal testemunho da salvação.

"Servi ao Senhor com temor,
e alegrai-vos com tremor.
Honrai o Filho, para que não se ire,
e pereçais no caminho,
quando em breve se acender a sua ira"
(Salmo 2:11-12).
  • Autor: Adrian J. Mogrré (extraído do livro "De donde tánto sufrir?" da FELIRe (Fundación Editorial de Literatura Reformada)
  • Traduzido e adaptado por Luciano Hérbet (to be future revision)