Tradução

sábado, 14 de abril de 2007

A Santidade de Deus

Arthur W. Pink

"Quem te não temerá, ó Senhor, e não magnificará o teu nome? Porque só tu és santo..." (Apocalipse 15:4).

Somente Ele é independente, infinita e imutavelmente santo

Muitas vezes Ele é intitulado "O Santo" nas Escrituras. Sim, porque nEle se acha a soma total de todas as excelências morais. Ele é pureza absoluta, que nem mesmo a sombra do pecado mancha. "...Deus é luz.." (1 João 1:5). A santidade é a excelência propriamente dita da natureza divina: o grande Deus é "...glorificado em santidade..." (Êxodo 15:11). Daí lermos: "Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a vexação não podes contemplar..." (Habacuque 1:13).
Como o poder de Deus é o oposto da fraqueza inata da criatura, como a Sua sabedoria está em contraste com o menor defeito de entendimento ou com a menor insensatez, assim a Sua santidade é a própria antítese de toda mancha ou corrupção moral. No passado Deus designou cantores em Israel para "que louvassem a beleza da santidade" (Crônicas 20:21). "O poder é a mão ou o braço de Deus, a onisciência os Seus olhos, a misericórdia as suas entranhas, a eternidade a Sua duração, mas a santidade é a Sua beleza" (S. Charnock). É isto que acima de tudo, torna-O amorável aos que foram libertos do domínio do pecado.

Grande ênfase é dada a esta perfeição de Deus

"Deus é com mais freqüência intitulado Santo do que Onipotente, e é mais exposto por esta parte da Sua dignidade do que por qualquer outra. É fixada ao Seus nome como um epíteto, mais do que qualquer outra. Você jamais o vê expresso. "Seu poderoso nome" ou "Seu sábio nome", mas Seu grande nome e, acima de tudo, Seu santo nome. Esse é o maior titulo de honra: neste ultimo transparecem a majestade e a venerabilidade do Seu nome". (S. Charnock). Como nenhuma outra, esta perfeição é celebrada diante do trono do céu, bradando os serafins: "...Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos..." (Isaías 6:3). Deus mesmo coloca em distinção esta perfeição: "Uma vez jurei por minha santidade" (Salmo 89:35). Deus jura por Sua "santidade" porque esta é uma expressão do Seu ser, expressão mais completa que qualquer ou coisa. Eis porque somos exortados: "Cantai ao Senhor, vós que sois seus santos, e celebrai a memória da sua santidade" (Salmo 30:4). "Pode-se dizer que este atributo é transcendental e que, por assim dizer, permeia os demais e lhes dá brilho. É o atributo dos atributos" (J. Howe, 1670). Assim lemos sobre "... a formosura do Senhor..." (Salmo 27:4), que não é outra que "... a Beleza da sua santidade..." (Salmo 110:3).

"Visto como essa excelência parece se colocar acima de todas as outras perfeições de Deus, assim ela constituí a glória destas; como é a glória da Deidade, assim é a glória de cada uma das perfeições da Deidade; como o poder de Deus é a energia das Suas perfeições, a Sua santidade é a beleza delas; como todas seriam fracas sem a onipotência divina para sustentá-las, seriam todas desgraciosas sem a santidade para adorná-las. Se esta se maculasse, todas as demais perderiam a sua honra; seria como se o sol perdesse sua luz – no mesmo instante perderia seu calor, seu poder, sua virtude geradora e vivificante. Como no cristão a sinceridade é o brilho de todas as graças, em Deus a pureza é o os esplendor de todos os Seus atributos. Sua justiça é santa, sua sabedoria é santa, Seu braço poderoso é um "braço santo" (Salmo 98:1), Sua verdade ou palavra é uma "santa palavra" (Salmo 105:42). Seu nome que expressa todos os Seus atributos juntos, é santo – Salmo 103:1" (S. Charnock).
A santidade de Deus se manifesta em Suas obras

"Justo é o Senhor em todos os seus caminhos, e santo em todas as suas obras" (Salmo 145:17). Nada senão o que é excelente pode proceder dEle. A santidade é o padrão de todas as Suas ações. No principio Ele declarou que tudo o que tinha feito "era muito bom" (Gênesis 1:31), e não poderia ter feito o que fez se nisso houvesse algo imperfeito ou impuro. O homem foi feito "reto" (Eclesiastes 7:29), à imagem e semelhança do seu Criador. Os anjos que caíram foram criados santos, pois se nos diz que "... não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação..." (Judas, versículos 6). Sobre satanás está escrito: "Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti" (Ezequiel 28:15).

A santidade de Deus se manifesta em Sua Lei

Essa Lei proíbe o pecado em todas as suas variantes – nas suas modalidades mais refinadas, e nas mais grosseiras, os intentos da mente como a contaminação do corpo, o desejo secreto como o ato abertamente praticado. Pelo que lemos: "... a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom" (Romanos 7:12). Sim, "... o mandamento do Senhor é puro, e alumia os olhos. O temor do Senhor é limpo, e permanece eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros e justos juntamente" (Salmo 19:8-9).

A santidade de Deus se manifesta na cruz

De maneira espantosa, e, contudo, a mais solene, a expiação demonstra a santidade infinita de Deus e Seu ódio ao pecado. Quão odioso para Deus há de ser o pecado, a ponto de castigá-lo até ao limite extremo do seu merecimento, quando o imputou ao Seu Filho! "Nem todos os vasos do juízo já derramados ou por derramar sobre o mundo ímpio, nem a sentença irrevogável pronunciada contra os demônios rebeldes, nem o gemido das criaturas condenadas demonstram o ódio de Deus ao pecado, como o demonstra a ira de Deus derramada sobre o Seu Filho. Nunca a santidade divina parece mais bela e mais amorável do que na hora em que o semblante do Salvador ficou por demais desfigurado em meio aos estertores da Sua agonia mortal. Ele próprio o reconhece no Salmo 22. Quando o Senhor afastou dele o Seu risonho rosto e Lhe fincou no coração aguda faca, provocando Seu terrível brado, "Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?" (vers. 1). Ele adora esta perfeição – "Tu és santo" (vers.3) S. Charnock.

Posto que Deus é santo, Ele odeia todo e qualquer pecado

Ele ama tudo quanto está em conformidade com as suas leis, e detesta tudo que lhes é contrario. Sua palavra declara expressamente: "... o perverso é abominação para o Senhor..." (Provérbios 3:32). E ainda: "Abomináveis são para o Senhor os pensamentos maus..." (Provérbios 15:26). Segue-se, pois, que Ele necessariamente tem que punir o pecado. Do mesmo modo como o pecado requer a punição de Deus, exige também o Seu ódio. Deus perdoa muitas vezes o pecador; nunca, porém, perdoa o pecado; e o pecador só é perdoado com base no fato de que Outro levou sobre Si o castigo que lhe era devido; sim, pois, "... sem derramamento de sangue não há remissão" (Hebreus 9:22). Razão pela qual se nos diz: "... o Senhor toma vingança contra os seus adversários, e guarda a ira contra os seus inimigos" (Naum 1:2). Por um pecado Deus expulsou do Éden os nossos primeiros pais. Por um pecado toda a posteridade de Cão caiu sob maldição que permanece sobre ela até ao dia de hoje. Por um pecado Moisés foi impedido de entrar em Canaã, o servo de Elizeu foi castigado com lepra, Ananias e Safira foram eliminados da terra dos viventes.

Temos aqui prova da divina inspiração das Escrituras

Os não regenerados não crêem realmente na santidade de Deus. O conceito que eles têm do caráter de Deus é inteiramente unilateral. Eles esperam de coração que a Sua misericórdia sobrepuje tudo mais. "... pensavas que era como tu..." (Salmo 50:21) é a acusação que Deus lhes faz. Eles pensam somente num "deus" segundo o padrão de seus corações maus. Daí permanecerem eles no caminho de uma exacerbada insensatez. A santidade atribuída pelas Escrituras à natureza e ao caráter de Deus é tal que demonstra com clareza a sua origem super-humana. O caráter atribuído aos deuses dos antigos e do paganismo moderno é justamente o inverso daquela imaculada pureza que pertence ao Deus verdadeiro.

Um Deus inefavelmente santo, que tem a mais intensa aversão a todo pecado, jamais foi inventado por um dos decaídos descendentes de Adão. O fato é que nada torna mais manifesta a terrível depravação do coração do homem e a sua inimizade contra o Deus vivo, do que expor diante dele Aquele Ser único que é infinita e imutavelmente santo. A idéia que o homem faz de pecado limita-se praticamente ao que o mundo chama de "crime". Tudo o que fica aquém disso pode ser abrandados como '"defeitos", "enganos", "fraquezas", etc. E mesmo quando se admite a existência de pecado, apresentam-se escusas e atenuastes.

O "deus" que a imensa maioria dos cristãos professos "ama" é visto como alguém muito parecido como um ancião indulgente, que pessoalmente não tem prazer nas loucuras, porém tolerantemente fecha os olhos para as "indiscrições" na mocidade. Mas a Palavra diz: "... aborreces a todos os que praticam a maldade" (Salmo 5:5). E mais: "Deus é um juiz justo, um Deus que se ira todos os dias" (Salmo 7:11). No entanto, os homens se recusam a dar credito a este Deus e rangem os dentes quando o Seu ódio ao pecado lhes é enfática e fielmente apresentado. Não, como o homem preso ao pecado jamais teria criado o lago de fogo no qual seria atormentado para todo o sempre, muito menos haveria a probabilidade dele inventar um Deus santo.

Sendo que Deus é santo, a aceitação da parte dEle, com base nas ações das criaturas, é completamente impossível

Uma criatura caída pode mais facilmente criar um mundo, do que produzir algo capaz de receber aprovação dAquele que é pureza infinita. Podem as trevas morar como a luz? Pode o Ser imaculado sentir prazer com o "trapo da imundícia"? (Isaias 64:6). O melhor que o homem pecador pode produzir vem manchado. Uma arvore contaminada não pode dar bom fruto. Deus se negaria a si próprio, envileceria as Suas perfeições, se tivesse por justo e santo aquilo que não o é em si mesmo; e nada é santo, desde que tenha a mínima mancha do que seja contraria a natureza de Deus. Mas, bendito seja o Seu nome, pois, aquilo que a Sua santidade exigiu, a Sua graça supriu em Cristo Jesus, nosso Senhor! Todo pobre pecador que correu para Ele em busca de refugio, foi e permanece aceito "no Amado" (Efésios 1:6). Aleluia!

Posto que Deus é santo requer-se de nos que nos aproximemos dEle com a máxima reverencia

"Deus deve ser em extremo tremendo na assembléia dos santos, e grandemente reverenciado por todos os que o cercam" (Salmo 89:7). Portanto, "Exaltai ao Senhor nosso Deus, e prostrai-vos diante do escabelo de seus pés", na postura da mais profunda humildade, prostrai-vos. Quando Moisés ia aproximar-se da sarça ardente, disse Deus: "... tira os teus sapatos de teus pés..." (Êxodo 3:5). É preciso servi-lO "com temor" (Salmo 2:11). A exigência que Deus fez a Israel foi: "... serei santificado naqueles que se cheguem a mim, e serei glorificado diante de todo o povo..." (Levítico 10:3); Quanto mais tomados de temor ficarmos por Sua inefável santidade, mais aceitável será o nosso acesso a Ele.

Visto que Deus é santo, devemos querer amoldar-nos a Ele

Seu mandamento é: "... sede santos, porque eu sou santo" (1Pedro 1:16). Não somos obrigados a sermos onipotentes ou oniscientes como Deus é, mas temos que ser santos, e isto em toda a nossa "... maneira de viver" (1 Pedro 1:15). "Esta é a maneira primordial de honrar a Deus. Glorificamos a Deus pelas atitudes de elevadas admiração, pelas expressões eloqüentes, pelos pomposos serviços de adoração, porém não tanto como quando aspiramos a conversar com Ele com espírito livre de mácula, e a viver para Ele vivendo como Ele vive" (S. Charnock). Então, como só Deus é a origem e a fonte da santidade, busquemos zelosamente dEle a santidade; seja a nossa oração diária no sentido de que Ele nos "santifique em tudo..."; e todo o nosso "espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo"(1 Tessalonicenses 5:23).

Os Atributos de Deus p.58-65
Autor: A.W.Pink / Editora PES.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

A Importância das Profecias

M. Martins
"Ouvi-me, ó duros de coração, os que estais longe da justiça" (Isaías46:12)


O cristianismo bíblico é a única religião mundial que pode olhar para o futuro e conhecer, com extrema segurança, as coisas que estão para acontecer. Deus estabeleceu as profecias "como uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações" (2ª Pedro 1:19, 2ª parte).

As profecias propiciam não somente segurança, mas também arrependimento, perseverança, motivação, coragem, fé e muito mais. Não foi em vão que Jesus se reportou diversas vezes aos profetas para confrontar os judeus, para comprovar a sua missão e para alertar aos seus discípulos. Não foi igualmente à toa que os apóstolos invocaram as profecias para levar as boas novas da salvação e para ensinar àIgreja.

OS PROFETAS COLOCADOS EM PÉ DE IGUALDADE COM A LEI COMO PROVA DAAUTENTICIDADE DAS PROFECIAS

As vezes em que os profetas são citados na Bíblia em concomitância coma lei nos informam a canonicidade e a autenticidade dos livros doVelho Testamento e, ao mesmo tempo, revelam a obrigatoriedade da observância tanto da lei quanto dos profetas.

A advertência feita por Deus ao povo de Israel e de Judá em 2 Reis 17:13 (2ª parte) prova esse paralelismo: "Convertei-vos de vossos maus caminhos, e guardai os meus mandamentos e os meus estatutos, conforme toda a lei que ordenei a vossos pais e que eu vos enviei pelo ministério de meus servos, os profetas" (v. tb. Dn 9:10; At. 24:14; Mt. 7:12 e 22:40; Lc 16:16; etc.). Israel havia rejeitado aos profetas (v. 14) e descumpria a lei (v.15), porquanto eles (os profetas) asseveravam veementemente o pecado, censurando-o, e conclamavam o povo ao arrependimento e à obediência à Palavra de Deus.

A conseqüência pela desobediência à lei e aos profetas foi-lhes deveras danosa: "Assim andaram os filhos de Israel em todos os pecados que Jeroboão tinha feito; nunca se apartaram deles; Até que o SENHOR tirou a Israel de diante da sua presença, como falara pelo ministério de todos os seus servos, os profetas; assim foi Israel expulso da sua terra à Assíria até ao dia de hoje" (vs. 22 e23). De tal modo, a conseqüência para a Igreja do Senhor, se não observar os Seus mandamentos e os profetas, será extremamente nociva.

OS APÓSTOLOS COLOCADOS EM PÉ DE IGUALDADE COM OS PROFETAS COMO PROVADA CANONICIDADE DO NOVO TESTAMENTO

Se os profetas deveriam ser observados no VT eqüitativamente à lei, de igual modo passou a ser obrigatória à Igreja observar os Apóstolos (ou o NT) em pé de igualdade com as profecias (VT). Nós, a Igreja de Cristo, estamos "edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina" (Efésios 2:20).

Tal fato nos remete não somente à obrigatoriedade da observância doNovo Testamento, mas também à sua canonicidade. Jesus prometeu o Espírito da Verdade, pelo qual os apóstolos seriam dotados de autoridade para anunciar as verdades neotestamentárias (João16:12-15). Paulo, na primeira carta aos tessalonicenses, deu graças a Deus porque os crentes haviam recebido a pregação dos Apóstolos "não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade), como palavra de Deus, a qual também opera em vós, os que crestes" (2:13). E o Apóstolo Pedro, por sua vez, aponta para as epístolas de Paulo como sendo sabedoria que lhe foi dada da parte de Deus (2 Pedro 3:15).

AS PROFECIAS COMO PROVA INTERNA DA ORIGEM DIVINA DA BÍBLIA

Diariamente, somos bombardeados por inúmeros ataques à nossa fé, tanto pelos meios de comunicação de massa como por palavras de incrédulos usados por Satanás. Mas, ainda que o veredicto dos céticos seja emprol da rejeição da Bíblia, nós "...temos, mui firme, a palavra dosprofetas, à qual bem fazeis em estar atentos... Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo" (2ª Pedro 1:19, 1ªparte, e 21).

A verdade é que as profecias são as mais contundentes e irrefutáveis provas da veracidade da Bíblia e de sua origem divina. Todo e qualquer argumento ateísta se torna abertamente falacioso quando confrontado com o cumprimento das profecias. "...sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso..." (Romanos 3:4). Nesse diapasão, lemos em Isaías 46:9-10: "Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade". Quem é como o nosso Deus, justo e Salvador, que revela ao seu povo santo as verdades que estão para acontecer e conclama o ímpio ao arrependimento? Grande é em sabedoria e ciência e nada há que escape ao seu conhecimento.

A IMPORTÂNCIA DAS PROFECIAS

Rasgando o negro manto do futuro, as profecias, quando bem interpretadas, constituem-se em uma fonte de luz para os que a observam. As fortes implicações da falta de cuidado com as Escrituras proféticas podem ser traduzidas na resposta de Jesus aos judeus incrédulos em João 5:39: "Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam". Jesus veio em nome do Pai e eles não O aceitaram com a mesma facilidade com que aceitarão outro que vier em seu próprio nome (v. 43).

Se estivermos atentos a elas, as profecias nos conduzirão a uma melhor compreensão do significado da história, do destino da humanidade, dos sinais dos tempos, da inspiração plena da Bíblia, além de nos fornecer uma sólida expectativa do futuro, o que não é encontrado em nenhum outro livro "sagrado". Eis porque se torna até pecado não atentar aos profetas, preparando-nos para as coisas vindouras.

Que possamos ser semelhantes às cinco virgens prudentes, que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo preparadas, levando azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas, e, chegando o esposo, entraram com ele para as bodas (Mt 25:1-13). Portanto, como o Apóstolo Paulo, sirvamos "...ao Deus de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na lei e nos profetas" (Atos 24:14).
Marcos Martins
Artigo postado anteriormente na revista Sã Doutrina

Sobre o Culto Cristão

D.Martyn Lloyd-Jones


“De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada: se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria”.

Romanos 12:6-8



Fizemos as nossas considerações destes versículos de Romanos e o nosso breve repasso e visão panorâmica da historia da Igreja tendo como pano de fundo muita prosa sobre a unidade da Igreja. O nosso objetivo foi certificar-nos de que a única unidade que nos interessa é a que reproduz o modelo que se acha no Novo Testamento. Temos que examinar cada proposta, cada tentativa de unidade à luz deste ensino. Não adiante partir das coisas como estão e modificar um pouco aqui um pouco ali – a igreja católica romana com um pequena modificação, a Igreja da Inglaterra com uma pequena modificação, etc., até chegarmos a uma grande igreja que continuará mantendo a maior parte das características de todos os diferentes segmentos que estão sendo amalgamados.Não é desse modo que vemos as coisas. Dizemos que devemos examinar tudo à luz do ensino do Novo Testamento; e, assim como o povo em geral esta interresado em unidade, nós, evangélicos, dentre todas as pessoas, devemos nos interessar-nos por ela. A Igreja deve ser uma só, e deve ser vista como uma só, certamente o chamamento feito a nós é que devemos manifestar o tipo de unidade descrita no Novo Testamento, e asseverar que essa, e somente essa, é a Igreja Cristã, em contraposição a toda e qualquer imitação produzida pelos homens.


Mas ainda ficamos com um problema, ou melhor, com mais um aspecto dessa questão. A Igreja, como a conhecemos, não só é diferente da Igreja do Novo Testamento em sua ordem, em seu governo, porém há também uma grande diferença entre o seu modo de conduzir o culto, a adoração, e a maneira pela qual o Novo Testamento expressa a adoração. Aqui, nestes versículos, é-nos dado um quadro, um pequeno camafeu, do tipo de coisa que aconteceu na Igreja Primitiva. Várias vezes os fiz lembrar de uma passagem similar, de1 Coríntios, capítulo 14, onde o apóstolo diz, no versículo 16: “Que fareis pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação. Efésios 5:19 também nos dá uma descrição da igreja: “Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração”. Tais descrições nos propiciam a percepção do tipo de culto característico da Igreja Primitiva.
Assim pois, mais uma vez, se formos leitores inteligentes das Escrituras, obviamente teremos que perguntar a nós mesmos: o nosso culto corresponde ao daquelas descrições, e, se não, por que não? E como foi que mudamos do que vemos lá para o que conhecemos hoje? Quero ressaltar a imensa importância de fazer estas perguntas. Os evangélicos, parece-me, muitas vezes se dedicam a fazer algum tipo de leitura da Bíblia ou de estudo bíblico, qualquer que seja o nome que lhe dermos, muitos defeituoso. Contentamo-nos com uma espécie de conhecimento da letra das Escrituras, e nem sempre procuramos atentar para a doutrina, extraí-la, e ver a sua relevância para nós.


O culto, como era realizado pela Igreja Primitiva, exige a nossa atenção porque tem muita coisa pra nos dizer. Hoje há uma crescente tendência para o que é descrito como um estilo litúrgico de culto, com vestes sacras, como lhes chamam, e com o comportamento de toda a parafernália de atavios e paramentos. Pois bem, penso eu que isso esta ocorrendo em muitos segmentos da Igreja Cristã. Durante os últimos trinta ou quarenta anos venho observando uma crescente tendência de modificar os cultos nas chamadas igrejas livres, introduzindo orações e responsos fixos, e ritos formais em torno da mesa da Ceia do Senhor, do batismo, etc. As igrejas livres imitaram o que viram na Igreja Anglicana e, como lhes mostrarei, a Igreja Anglicana, por seu turno, tomou grande parte da sua liturgia da igreja católica romana. Em tempos recentes, grande ímpeto tem vindo de tudo o que se vê na televisão e de tudo o que é publicado nos jornais.


Essa é a situação, portanto devemos perguntar: onde essa forma de culto se acha no Novo Testamento? Como compará-la, por exemplo, com o que vemos nestes três versículos de Romanos, capitulo 12? Noutras palavras, parece-me que no presente ocorre mais uma vez, de forma aguda, uma disputa que se deu muitas vezes na Igreja. Há uma grande divisão entre o que por vezes chamam de “religiões de autoridade” e “religiões do Espírito”. Ou, se vocês preferirem, há uma vital diferença entre o tipo católico-romano de culto e o tipo de culto verdadeiramente protestante. Há toda a diferença do mundo entre o culto que depende mormente de cerimônias e ritos, e o tipo simples de culto, que exalta a liberdade do Espírito.


Ora, se você se sente inclinado a perguntar: “Que é que isso tem a ver comigo?”, tudo o que digo é que você não conhece o Novo Testamento. Isso é tudo o que se pode fazer com você. Se você realmente crê que o Novo Testamento é a Palavra de Deus, deve realmente preocupar-se com o culto, e, goste ou não, como já lembrei a todos vocês, será compelido a tomar decisões justamente sobre estas questões. Se não enxerga a tendência geral em direção a Roma, receio que você só pode estar cego.
Isso esta avançando, e avançando muito rapidamente. A proposta de que haja uma só igreja neste país – e essa é a proposta – diz-nos que a igreja deverá ser episcopal em seu governo e liturgia em sua forma de culto, e muitas pessoas se sentem muito felizes em aceitar isso. O objetivo supremo é ter uma grande igreja mundial que inclua a igreja de Roma, ou melhor, a igreja de Roma incluindo todas as demais. E assim você estará comprometido com um tipo litúrgico de culto.


Portanto, a questão é: vocês querem isso? Crêem nisso? Consideram certo? E essa é a questão levantada para nós por estes três versículos, porque neles temos uma descrição do culto característico da Igreja do Novo Testamento. Por isso mais uma pergunta: isso é um ponto vital, ou é apenas uma questão de gosto? Muitíssimas vezes, através dos anos, tenho ouvido pessoas dizerem – e me sinto mal com isso – “A linguagem da litania é tão bonita! Cranmer era um mestre no uso da língua, e ele empregava uma espécie de linguagem litúrgica; e as orações são tão belas!” Ouve-se esse argumento frequentemente, tanto entre as pessoas das igrejas livres como entre os anglicanos.
Esta é a pergunta que faço: a nossa forma de culto deve ser decidida pela tradição, ou o Novo Testamento deve ser o nosso padrão? Bem, não devemos abordar essa pergunta meramente em termos de preconceitos – isso é sempre errado. Não devemos dizer que nos opomos a estas coisas porque não fomos criados nessa tradição. E os outros não devem dizer: “Isto é certo porque é nossa tradição”. Todos nós somos chamados a examinar tudo à luz do Novo Testamento. Para nós nada importa, exceto a pergunta: é certo? E descobrimos se é certo ou não vindo ao tribunal das Escrituras do Novo Testamento. Está de acordo com ela?


Agora, neste ponto, há uma importante questão de principio que eu devo colocar diante de vocês. Vocês saberão que no tempo da Reforma Protestante aqueles homens de fé que naquele tempo foram levantados, em geral concordavam em que o Novo Testamento é a única e suprema fonte de autoridade. Mas eles eram propensos a diferir entre si num ponto muito importante, qual seja: em que sentido o ensino do Novo Testamento é obrigatório? E aí emergiu uma divisão entre Martinho Lutero e João Calvino, e não somente entre esses dois grandes homens, mas também entre dois segmentos da Igreja na Inglaterra.


Martinho Lutero ensinava que as Escrituras são a autoridade absoluta em todas as questões de doutrina com respeito à salvação, mas que, quanto ao governo da Igreja ou às formas de culto, o ensino do Novo Testamento não é obrigatório. Ele dizia que é permitido à sabedoria da Igreja produzir uma forma de culto e, na verdade, uma forma de governo da Igreja. Contudo, Calvino adotou um conceito muito diferente. Ele dizia que as Escrituras não são obrigatórias só em pontos como a doutrina da salvação; são igualmente obrigatórias, e devem ser a nossa única regra, com relação ao governo da Igreja e também às formas de culto.


Ora, no que se refere à Grã-Bretanha, a Igreja da Inglaterra seguiu Lutero. A Igreja da Inglaterra sempre ensinou que, embora as Escrituras sejam obrigatórias nas questões da salvação, não são obrigatórias nas questões de governo da Igreja e do culto. Mas surgiu neste país outro grupo de crentes que finalmente se tornaram conhecidos como puritanos, e, dentre os puritanos, um grupo que podemos descrever como “puritanos radicais” seguiu o ensino de Calvino. Vemos, pois, aí dois corpos de pessoas que eram, todas elas, crentes na infalibilidade das Escrituras e em sua inspiração singular, e que chegaram a conclusões divergentes com relação ao governo da Igreja e às formas de culto.

Registrei isso para orientação de vocês, e meu desejo é que examinem toda esta situação de maneira desapaixonada. Não devemos deixar-nos governar por preconceitos, gostos e aversões; devemos fazer de fato um grande esforço para chegar a uma opinião verdadeiramente razoável à luz do que aconteceu na historia da Igreja.

Por conseguinte, vamos primeiro às Escrituras. Teríamos nós algum ensino ministrado por nosso bendito Senhor quanto a esta questão? O nosso Senhor prescreve orações lidas ou recitadas? Teria ensinado Ele que devemos prestar nosso culto com a mesma linguagem e com as mesmas palavras, como fazem aqueles que usam o mesmo Livro de Oração todos os domingos? Que é que se pode provar em termos do ensino de nosso Senhor e Salvador?
Naturalmente, o exemplo apresentado por aqueles que acreditam em forma litúrgica de culto e a Oração do Senhor (Pai Nosso). Eles assinalam que o nosso Senhor disse aos Seus discípulos: “Quando orardes, dizei...” (Lucas 11:2). “Ei-lo aqui”, dizem eles, “compondo uma oração com a intenção que a repitam”. E daí, compilaram seus livros de oração e repetindo essas orações domingo após domingo, eles dizem que estão simplesmente fazendo o que o nosso Senhor e Mestre primeiramente ensinou à Igreja.


É obvio que isso deve ser examinado; é o único verdadeiro fragmento de evidência que eles podem apresentar. Como lidar com esse argumento? Pois bem, isso tem sido tratado muitas vezes; foi respondido por muitos dos principais puritanos, por homens como o Dr. John Owen e outros, e eu vou mostrar-lhes os argumentos que eles sempre apresentavam e que me parecem inevitáveis, partindo do estudo das Escrituras. Que foi que o nosso Senhor fez quando disse aos Seus discípulos, “Quando orardes, dizei...”?
Bem, certamente a Oração do Senhor (Pai Nosso) deve ser considerada uma oração modelo. O nosso Senhor não disse que devemos repetir esta oração mecanicamente toda vez que orarmos. Se consultarmos Lucas 11:1,2, leremos que os discípulos se aproximaram dEle e disseram: “Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos”. Eles estavam em dificuldade quanto a orar. Não nos surpreendamos com isso; todos nós temos experimentado a mesma dificuldade. A oração pode ser muito difícil. Assim eles fizeram o seu pedido, e o nosso Senhor respondeu: “Quando orardes, dizei...”. Certamente o que Ele quis dizer foi: é desse modo ou neste estilo que vocês devem orar.


Noutras palavras, sempre se deve começar com adoração: “Pai nosso, santificado seja o teu nome...”. Não se deve começar fazendo petições e apresentando desejos, mas sempre pela adoração a Deus. O nosso Senhor estava instruindo os Seus seguidores sobre os grandes princípios da oração; e o primeiro é que devemos sempre recordar e compreender que na oração nos aproximamos do Deus todo-poderoso e eterno. Antes de tudo mais, devemos prestar a Ele adoração e culto. Devemos desejar a vinda do Seu reino, e devemos aspirar a que toda a Sua vontade seja feita, “como no céu, assim na terra”, etc. Só então devemos passar aos pedidos e desejos pessoais.

Portanto, o nosso Senhor estava dizendo, “deste modo”, “neste tipo de maneira”. Ele não estava compondo uma oração para ser repetida mecanicamente por Seus discípulos, nem sequer em espírito. Ele estava interresado em estabelecer os princípios, as idéias gerais, que eles deveriam empregar na ordenação das suas orações. Essa é a primeira resposta ao argumento que baseia o uso de liturgias e litanias no fato de que o nosso Senhor nos deu a Oração do Senhor (Pai Nosso).


Mas, em segundo lugar, o relato que nos é dado no capítulo seis do evangelho Segundo Mateus por certo indica claramente que o nosso Senhor estava tratando ali mais do culto particular do que do culto público. Ele fala que devemos ir para o nosso quarto, fechar a porta e orar em oculto, e diz: “E teu Pai, que vê secretamente, te recompensará” (Mateus 6:6). E esse me parece um argumento muito forte.
Em terceiro lugar, Owen assinala – e penso que se pode dizer muita coisa em favor disto – que, em todo caso, mesmo que o nosso Senhor estivesse ditando uma oração para os Seus discípulos repetirem, Ele realmente estava falando sob a dispensação do Velho Testamento. Tudo isso foi antes da Sua morte; antes do Pentecoste. E como se vê uma espécie de ritual de cerimonial no Velho Testamento, o nosso Senhor estava apenas mostrando como eles deveriam orar na situação em que eles estavam naquele tempo. Penso no risco de exagerar nisso, porém nos limites próprios em que fica esse argumento, há algo valido no que Owen diz.
Mas – e este argumento é certamente final e conclusivo - mesmo concedendo que o nosso Senhor ditou essa oração com a intenção de que a repitamos palavra por palavra, como tantos de nós nos inclinamos a fazer em nossos cultos – mesmo concedendo tudo isso, como justificaria isso a repetição de orações fixas domingo após domingo? Afinal de contas, a Oração do Senhor foi proferida pessoalmente pelo Senhor, ao passo que as orações utilizadas nos livros de oração são composições de homens de diferentes séculos, diferentes tradições, etc. Portanto mesmo que se possa justificar a recitação do Pai Nosso, certamente isso não dá direito a ninguém de ir além desse ponto e dizer que se deve repetir todo domingo todas as orações compostas, escritas e impressas.

Essa é, então, a única prova que remotamente pode ser aduzida como base no ensino do nosso Senhor e Salvador. Contudo, que dizer dos apóstolos? Pois bem, aqui eu penso que todos concordarão que não há nenhuma prova, nem da prática nem do ensino dos apóstolos, de que eles criam em orações formais, fixas. Eles não repetiam orações; suas orações variavam conforme as circunstâncias. Eles não preparavam orações para depois ensiná-las ao povo; eles nunca deram instruções às pessoas no sentido de repetirem orações particulares. Claro está que isso tudo é, em si e por si, e em muitos aspectos, o argumento mais significativo.


Essa é, então, a prova existente, no que se refere ao Novo Testamento. Que dizer da subseqüente história da igreja? E dos primeiros séculos? Pois bem, isto é extremamente interessante. Não há nada que demonstre que nos três primeiros séculos alguma coisa remotamente parecida com um livro de oração era utilizado. Os cristãos do século primeiro não tinham cultos litúrgicos. Estes apareceram pela primeira vez no século quarto, e há uma prova que parece muito boa de que isso ocorreu num lugar que conhecemos bem, um lugar chamado Antioquia.

Permitam-me ler para vocês alguns argumentos comprobatórios extraídos dos escritos do grande pai da Igreja, Tertuliano, que viveu por volta do ano 200 d.C. Eis como ele descreve a forma de culto que lhe era familiar. Diz ele: “Eles oram olhando para o céu; não como os idolatras, que olhavam para os seus ídolos e imagens; não abraçando altares e imagens, como faziam os pagãos; não fazendo como aqueles que repetem suas orações acompanhando os seus sacerdotes ou sacrifícios, mas derramando as nossas orações concebidas em nosso peito”.


Isso é muito importante e muito significativo! Não é? Tertuliano contrasta a prática cristã com a dos pagãos, os quais “repetem as suas orações acompanhando os seus sacerdotes ou sacrifícios”. Em contraposição a isso, ele descreve os cristãos “derramando as nossas orações concebidas em nosso peito”, prática que, sugiro-lhes, está em inteira conformidade com o ensino do Novo Testamento.

E agora outra citação de Tertuliano. Falando como uma pessoa era recebida na Igreja Cristã, ele diz: “Depois que o crente que se une a nós é lavado dessa forma, nós o levamos aos que são chamados “Irmãos”, levamo-lo para onde eles estão reunidos, para fazerem suas orações e súplicas por si e por aquele que foi recentemente iluminado”. Que tipos de orações eram essas? “Estas orações e súplicas”, ele acrescenta, “o Presidente da Assembléia (notem a expressão) derrama conforme a sua capacidade”. Ele não lê orações fixas, porém derrama suas orações “conforme a sua capacidade”. E diz Tertuliano: “Ele realiza esta obra amplamente”. Noutras palavras, ele prossegue em seu longo trabalho de elevar louvores a Deus e em nome de Jesus Cristo. No entanto, a frase relevante é: “ele derrama conforme a sua capacidade”, e a capacidade varia de caso a caso, de homem a homem, nesta questão de derramar orações do coração.

Então, como foi que as orações fixas entraram na Igreja Cristã no século quarto? Bem, essa forma de culto entrou muito gradativamente. Primeiro em Antioquia; depois começou a aparecer noutros lugares, mas nem todos os cristãos tinham as mesmas orações. Algumas foram compostas por um homem em Antioquia, outro homem noutro lugar teria composto outras orações, e eventualmente isso começou a acontecer na igreja de Roma. Mas ela esta longe de ser a primeira.

Contudo, quando aconteceu o grande evento a que fizemos referência, quando o imperador Constantino e o Império Romano entraram na Igreja, eles então, naturalmente, assumiram tudo isso. E quando assumiram pleno governo da Igreja, fizeram exatamente a mesma coisa com as formas de culto. Padronizaram tudo, determinando que as mesmas orações fossem feitas em toda parte. Isso só por si mostra que no principio elas não existiam. Havia uma liturgia em Antioquia, uma liturgia diferente em Alexandria, e assim por diante. Mas Roma deu cabo disso. Todo o mundo, e em toda parte, devia fazer as mesmas orações. E estas tinham que ser feitas na mesma língua, em latim. Naturalmente, isso foi mudado no presente, e é uma concessão interessante, porém o principio ainda permanece.

E, ao mesmo tempo, Roma não só padronizou as orações, mas também começou a introduzir várias outras inovações – vestes, por exemplo, os hábitos usados pelos chamados “sacerdotes”. Eles tomaram emprestada a maior parte do seu ritual das religiões de mistério pagãs. Não há dúvida sobre isso: não é teoria minha. Essa era a política. Os lideres daquela igreja pegaram o que consideravam ser de melhor nas religiões pagãs. A isso é que o povo estava acostumado. Em todas as religiões pagãs sempre houve, e ainda há, muita vestimenta e muita cerimônia. Pois os lideres da igreja se apropriaram disso tudo e disseram que tinham “batizado” essas coisas na Igreja Cristã. Eles assinalaram que sob a dispensação do Velho Testamento Arão vestia-se com diversas e complexas vestimentas, Arão e os demais sacerdotes, e dessa maneira introduziram todas estas vestes, que continuam sendo utilizadas.
Por conseguinte, se foi assim que as vestes e o culto litúrgico entraram na Igreja, a questão é: por que será que alguém pensou em fazer tudo isso? Por que começou em Antioquia? Pois bem, devemos de fato considerar isso cuidadosamente. Houve duas razões principais – vou tentar expor o argumento em prol das liturgias tão justamente quanto eu puder. Não quero dar a impressão que isso foi feito pelo capricho de alguém. Havia o que se consideram como sendo dois argumentos muito fortes.

O primeiro era que muitas vezes os ministros, os sacerdotes, seja qual for o designativo, eram ignorantes e incapazes de fazer orações. Devido serem frequentemente homens muito mal instruídos, viam-se em dificuldades. Por isso acolhiam muito bem a provisão de orações.
Todavia, em segundo lugar, e isto é ainda mais importante, sempre havia o perigo de ensino herético – como já vimos anteriormente na questão do governo da Igreja. Por isso os homens que tinham idéias heréticas e que ocupavam posição de liderança tinham muito cuidado quando pregavam, pois sabiam que eram observados, e a tendência deles era de introduzir as suas heresias em suas orações. Às vezes as orações são sermões, não orações. Provavelmente todos nós somos um tanto culpados disso, de vez em quando, e devemos estar sempre vigilantes quanto a isso. Ora, alguns daqueles mestres heréticos deliberadamente introduziram ensino errôneo por meio de suas orações públicas, e, enquanto todos os homens tivessem liberdade de fazer orações extemporâneas, nada se poderia fazer a respeito.

Mas, como já vimos, a igreja católica romana, como o Império Romano, sempre foi ávida de disciplina e sempre quis padronizar tudo. E, concordemos, claro está que o problema de disciplina é importante, e algo tem que ser feito com relação aos hereges. Assim, depois que o Império Romano se declarou cristão, decidiu-se que o único meio de lidar com a heresia era prescrever as orações, estabelecê-las fixamente, e determinar que essas orações, e somente essas, eram as orações que se deviam fazer. E dessa maneira se esperava que o culto verdadeiro fosse preservado e o perigo da introdução do ensino herético por meio das orações fosse eliminado. Então, se queremos ser generosos, podemos conceder que o motivo era bom.

Sim, mas isso acabou levando ao sistema romanista pleno e completo, com todo o seu ritual e o seu cerimonial – grandemente elaborado, claro, sobre a questão da Ceio do Senhor e do batismo. E depois foi levantada a questão de outros sacramentos, e passou a haver uma liturgia correspondente em cada caso, sendo elaboradas declarações para cada um deles. Tudo isso veio a ser uma imensa organização, num sentido, com sua liturgia complicada. Esse foi o procedimento típico da igreja católica romana durante toda a Idade Média. O culto inteiro era conduzido pelos sacerdotes, e o povo ficava em seu lugar à distancia, muitas vezes sem entender nada do que estava sendo dito. Mas isso não importava, o que importava era o que os sacerdotes faziam, e o povo ficava longe, não tomava parte, exceto nalguns ocasionais responsos que eram indicados na liturgia.
Isso então nos traz ao tempo da Reforma Protestante. Certamente isso também deve ser de grande interesse para todos nós, sob todos os pontos de vista. É importante saber por que as tradições nas quais fomos criados são como elas são, porém ainda mais importante, reitero, é saber o que devemos pensar, dizer e fazer nesta época de mudança e de transição. Que aconteceu na Reforma? Novamente, é muito interessante observar que Lutero apropriou-se de muita coisa que tinha sido feita por Roma. É óbvio que ele corrigiu as coisas que ele vira que eram completamente erradas, mas o seu interesse primário era pela grande doutrina da justificação pela fé somente. Como já vimos, ele acreditava que o ensino do Novo Testamento não era obrigatório quanto ao governo da Igreja e às formas de culto. Assim foi que ele se apropriou de grande parte do tipo católico-romano de culto.


Pois bem, Calvino é interessante nesta questão, e ele é freqüentemente mal entendido neste ponto. Muitos de nós, na Grã-Bretanha, particularmente os interessados no ensino puritano, têm a tendência de pensar que os conceitos de Calvino eram os mesmos dos puritanos. Entretanto não eram, de modo algum! Calvino acreditava em ter liturgia e acreditava em orações fixas, embora permitisse mais liberdade para a oração extemporânea do que a igreja católica romana jamais havia permitido, e, na verdade, mais do que na Igreja da Inglaterra jamais permitiu. Isso é tão somente um fato da história. Sejam cautelosos em seus argumentos, para não suceder que usem erroneamente o nome de Calvino. Há um sentido em que se pode afirmar que, na questão do culto, a Igreja da Inglaterra está mais perto de Calvino do que alguns dos puritanos.

Passando ao caso da Inglaterra, chegamos ao nome de Thomas Cranmer, o homem que compôs o Livro de Oração da Igreja da Inglaterra, e ele fez mais ou menos o que Lutero tinha feito na Alemanha. Ele não pôs fora o que havia de liturgia e de livro de oração, mas, ao contrário, assenhoreou-se da idéia, e igualmente se livrou de todos os erros do catolicismo romano. Assim foi que ele compôs aquelas orações que – admitamos prontamente – são obras primas, do ponto de vista literário. Isso não nos preocupa. Podemos admitir que são obras – primas, e que ele tinha uma extraordinária facilidade na questão de produzir orações escritas.


Mas o que é importante perguntar é: por que será que Cranmer fez isso? Por que decidiu ter um livro de oração e perpetuar o tipo católico romano de culto? E de novo devemos ser justos e reconhecer que este homem, e os que com ele estavam, defrontavam-se com alguns problemas muito especiais – é sempre nosso dever, como pensadores honestos, levar em conta as circunstâncias em que estavam os homens quando tomaram suas decisões, para não sermos injustos em nosso julgamento – e o maior problema que Cranmer enfrentava era o problema do clero ignorante. Os clérigos, em sua maioria, tinham sido criados como católicos romanos, e ignoravam as Escrituras. Muitos deles também eram vazios de qualquer experiência espiritual. Eles tinham passado para o protestantismo por um espírito de temor, por conveniência, e por várias outras razões que tais pessoas têm para mudar de lado. Assim, aqueles homens mudaram de lado no tempo de Henrique VIII, depois voltaram ao catolicismo romano no tempo da rainha Maria, e tornaram a voltar de lá no tempo de Elizabeth. Muitos homens do mesmo jaez fizeram a mesma coisa nos tempos de Oliver Cromwell, da Comunidade e da Restauração. Vigários de Bray, mudando conforme o clima político!


Assim é que Cranmer teve que se defrontar com tais pessoas, mas, deixando de lado o seu estado espiritual, esses homens eram de fato ignorantes, e um dos argumentos aventados era que havia necessidade de provê-lo de orações. Eles não sabiam orar, e, se os rebanhos por eles conduzidos deviam ser ajudados de algum modo, era seu dever prover tais ministros de orações que eles poderiam ler com o povo no culto.
Em acréscimo a isso, e este ponto também é importante, tentemos imaginar a situação de mais de quinze séculos de catolicismo romano! O sistema entranhou-se no sangue e nos ossos das pessoas. Estas nunca tinham ouvido nem pensado outra coisa. Subitamente ocorre esta explosão da Reforma Protestante. Ora, os lideres do protestantismo na Inglaterra criam na grande doutrina da justificação pela fé somente. Mas o povo não via isso claramente, e um dos argumentos que Cranmer usava era, como praticamente ele dizia: “Se agora devemos mudar não somente a nossa doutrina da salvação, como também toda a forma de culto, vamos perder todo o povo e vamos perder tudo. O que importa”, dizia ele, “é que o povo esteja certo na doutrina da salvação – a justificação pela fé somente. Os estilos de culto são indiferentes, e podemos continuar com a forma de culto existente até que tenhamos um povo verdadeiramente instruído”.


Pois bem, penso que se pode dizer algo em favor desse argumento. Como recurso temporário, como expediente temporário, certamente não só há muita coisa que se pode dizer por ele como também opino que no Novo Testamento há uma justificativa para isso numa coisa que os apóstolos e os anciãos fizeram. Consideramos anteriormente o que aconteceu no Concílio de Jerusalém, fato registrado em Atos, capítulo 15, e vocês lembram qual foi a decisão a que chegaram naquela reunião? Houvera um problema muito real porque os gentios estavam entrando na Igreja e os judaizantes estavam dizendo que eles precisavam ser circuncidados e sujeitar-se à lei. “Não”, disse aquele concílio em sua sabedoria, guiado pelo Espírito Santo. “Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais cargo algum, senão estas coisas necessárias: que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição” (Atos 15:28,29). Eles lançaram isso como um princípio.


Pois bem, isso não se aplica mais a nós. Não nos abstemos do sangue nesse sentido. Essa foi uma decisão para um período de transição, para evitar um conflito. Ele s disseram: deixaremos bem claro aos gentios que eles na tem que sujeitar-se à lei, mas, para tornar mais fácil a convivência de judeus e gentios cristãos, apelaremos aos gentios para que se abstenham destas coisas particulares por algum tempo.

Estou opinando, pois, que Cranmer e os outros foram motivados pelo mesmo tipo de argumento. “Aí estão as pessoas tão acostumadas com esta forma de culto – bem, não as escandalizaremos desnecessariamente, sejamos claros sobre a nossa grande doutrina da salvação, porém façamos esta concessão: Continuemos a usar a liturgia, livremo-nos dos acréscimos e erros católicos – romanos e façamos dela uma liturgia pura e verdadeira. Essa é uma boa medida temporária”. E eu estou disposto a conceder que, como medida temporária, foi justificável.

Ora, procurem voltar mentalmente ao século dezesseis, com todas aquelas dificuldades. Aqueles homens se defrontavam com o populacho ignorante, gente cheia de preconceitos e que dizia: “Sempre se fez assim!” Vocês não dizem coisas assim as vezes? Ouço muito freqüentemente esse argumento, não só de anglicanos, mas também de batistas, metodistas e outros. O povo era desse jeito naquele tempo, e devemos reconhecer e encarar isso. Em principio não há nada de errado em recorrer a um expediente ou a uma medida temporária quando o problema não envolve uma verdade vital, essencial. É praticar um principio correto fazer, pelo bem da fraternidade, da comunhão e da verdadeira unidade no Espírito, o tipo de apelo e de concessão que o Concílio de Jerusalém fez. Esse é um argumento favorável do Livro de Oração no tempo do reinado da rainha Elizabete, e ainda mais no reinado de Henrique VIII, quando esse livro foi produzido originalmente, e, depois dele, no reinado de Eduardo VI. Todavia, conforme penso, esse é o máximo que se pode dizer em seu favor. E não justifica a forma de perpetuação dessa forma de culto para sempre.


Foi esse, pois, o argumento de pessoas como Cranmer. Mas imediatamente surgiram aqueles homens que eu descrevi como “puritanos radicais”, e estes se opuseram desde o inicio ao Livro de Oração. Eles diziam: “Isso pode ser um recurso útil, porém, seguramente, nestas questões nós devemos ser governados pelo ensino do próprio Novo Testamento. Acaso podemos ficar somente com a mudança do nosso conceito sobre a doutrina da nossa salvação? Certamente o Novo Testamento nos ensina algo sobre a forma de culto, e nós devemos ser coerentes. Devemos levar a Reforma até o fim”. E a luta começou imediatamente. Se vocês leram sobre o grande homem que foi John Hooper, bispo de Gloucester, sabem que ele foi um dos líderes disso tudo, e muitos outros assumiram a posição dele. Eles alegavam que estavam apenas voltando ao Novo Testamento, e diziam que tudo o que tinha sido acrescentado de maneira injustificável, principalmente pela igreja católica romana, devia ser desfeito e descartado.

Chegamos então ao século seguinte, à grande reunião realizada na Abadia de Westminster, a famosa assembléia de teólogos convocada em 1643. Naquele tempo havia confusão neste país, em parte política mas também em grande parte religiosa, concernente, não somente aos bispos porém também a toda a questão relacionada a forma de culto. Os bispos estavam forçando o uso do Livro de Oração; todas as outras formas de culto eram proibidas. Daí, com a agitação política e o problema da guerra, a guerra civil inglesa, que estava em andamento, decidiu-se que se deveria convocar uma assembléia de teólogos. Ela foi realizada na Abadia de Westminster, em Londres, e produziu a Confissão de Fé, de Westminster, e, com ela, um diretório de culto público.
Pois bem, há algo muito interessante neste contexto. A opinião da maioria, entre os participantes da reunião, era da Igreja da Escócia. Nem sempre se compreende que, embora a Igreja da Escócia deva muito a João Calvino, ela se afastou do ensino dele sobre a questão do culto nas igrejas. Membros daquela assembléia achavam que avia necessidade de ajudar e orientar os ministros, mas não concordavam com Calvino quanto ao uso de liturgia expressa e de orações formais. Eles diziam: neste diretório damos a vocês os temas sobre os quais orar, uma idéia geral daquilo pelo que orar e de como orar, contudo não lhes damos as palavras.

Noutras palavras, eles fizeram precisamente o que sugeri em minha interpretação do uso da Oração do Senhor dada pessoalmente pelo nosso Senhor. Quanto vocês orarem, procedam desta maneira: comecem prestando culto e odoração, e então prossigam. Vocês devem ter ordem em suas orações; não saltem de petição em petição. Assim é que o diretório estava interessando simplesmente em apresentar um elemento de ordem. Ele dava uma indicação dos assuntos em geral, mas certamente não prescrevia palavras exatas nem dava instrução no sentido de que tais palavras, e não outras, deviam ser proferidas nas orações e elevadas como petições domingo após domingo, pelos tempos afora.

A seguir, o fim da minha revisão histórica me leva aos eventos de 1662, quando dois mil homens foram eliminados do serviço e dos benefícios da Igreja da Inglaterra. O argumento principal relacionava-se com a questão de culto nas igrejas, e não primariamente com a questão da doutrina. A Lei de Uniformidade estabelecia que todos os ministros tinham que usar o Livro de Oração produzido naquele tempo, modificando ligeiramente o anterior. A isso se reduzia toda a questão. Ora, pessoas como Richard Baxter e outros, que estavam entre os expulsos, não faziam objeção à liturgia. O que eles objetaram era que fosse compulsória. Eles se opunham a determinação que fazia do uso do Livro de Oração uma condição para a admissão ao ministério da Igreja da Inglaterra e que proibia as orações extemporâneas. Foi esse o fato geral de compulsão que constituiu o busílis de 1662.

Devemos examinar esta questão mais adiante, em nosso próximo estudo, quando espero considerar os princípios que nos devem governar em nosso pensamento sobre este assunto. Devemos repudiar a atitude que diz: “Ah, são belas orações! Não seria a linguagem perfeita?”, ou que expresse algum preconceito semelhante, freqüentemente baseado na ignorância, por um lado, ou na pura nulidade de pensamento, por outro. Dou a vocês o meu parecer de que existem aqui alguns princípios vitalmente importantes. Não basta reagir a certas coisas com violência e repulsa – embora eu tenha grande simpatia por este tipo de reação, se me é permitido dizê-lo! Não, precisamos ter bases sólidas, escriturísticas, para dizer – se é o que dizemos – que o Livro de Oração não representa a nossa maneira de entender como deve ser conduzido o culto do povo de Deus na Igreja de Deus. Devemos ser capazes de mostrar, com base nas Escrituras, as razões pelas quais ansiamos por ver uma restauração dos padrões neotestamentário do culto e pelas quais estamos dispostos a dedicar-nos a fazer tudo o que pudermos para trabalhar por tal restauração.
Neste meio termo, queira Deus abençoar-nos e habilitar-nos a considerar tais questões com espírito de humildade e de oração, à luz do ensino das Escrituras.

Oração de encerramento:

Ó Senhor, nosso Deus, vimos a Ti, e mais que nunca nos admiramos de que haja uma Igreja Cristã. Nós nos vemos, e vemos outros homens e mulheres desta e de outras épocas. Ó Deus, damos-Te graças porque o que vemos acima de tudo mais é que a Igreja é Tua e que ela teria perecido há muito tempo se não fosse Tua. Senhor, damos-Te graças por Tua paciência e longanimidade para conosco, e agora de novo nos rendemos e nos submetemos a Ti e à Palavra da Tua graça, rogando-Te que por ela nos controles e nos guies, e que nos capacites a visar sempre e unicamente Tua glória e ao Teus Louvor. Ouve-nos, ó Senhor, pois vimos a Ti em nome do Teu amado Filho, nosso bendito Senhor e Salvador. Amém.

Autor: D. Martyn Lloyd-Jones
Fonte: Livro O Comportamento Cristão - Exposição de Romanos Capitulo 12 /
Editora PESCapitulo 22 p.366-385

Infralapsarianismo X Supralapsarianismo

Charles Hodge
O Supralapsarianismo

Primeiro, o esquema supralapsariano. Segundo este ponto de vista, Deus, a fim de manifestar sua graça e justiça, selecionou dentre os homens criáveis (ou seja, dentre os homens a serem criados) a certo número como vasos de misericórdia, e a outros como vasos de ira. Na ordem do pensamento, a eleição e a reprovação precedem o propósito de criar e de permitir a queda. A criação tem como fim a redenção. Deus cria uns para serem salvos, e outros para serem perdidos.

Este esquema recebe o nome de supralapsariano porque pressupõe que os homens como não-caidos, ou antes da queda, são os objetos de eleição para a vida eterna, e de preordenação para a morte eterna. Este ponto de vista foi introduzido entre certa classe de agostinianos, ainda antes da Reforma, mas não foi geralmente aceito. O próprio Agostinho, e depois dele a grande corporação daqueles que adotam seu sistema de doutrina, foram, e continuam sendo, infralapsarianos. Ou seja, sustentam que é da massa de seres humanos caídos que alguns foram eleitos para a vida eterna, e alguns, para o justo juízo de seus pecados, predestinados para a morte eterna.

A posição do próprio Calvino quanto a este ponto tem sido discutida. Como isso em seu tempo não era um ponto especial de controvérsia, é possível citar de seus escritos certas passagens que sustentam o conceito supralapsariano, e outras passagens que favorecem o conceito infralapsariano. No "Consensus Genevensis", escrito por ele, há uma afirmação explícita da doutrina infralapsariana. Depois de dizer que ouve pouco proveito em especular sobre a preordenação da queda do homem, ele acrescenta: "Quos ex damnata Adao sobole Deus quos visum est eligit, quos vult reprobat, sicuti ad fidem exercendam longe aptior est, ita majore frutu tractatur"1.

Na "Formula Consensus Helvetica", redigida como o testemunho das igrejas suíças em 1675, cujos autores principais foram Heidegger e Turrettin, há um repudio formal do ponto de vista supralapsariano. No Sínodo de Dort, que inclui delegados de todas as igrejas reformadas no Continente e na Grã-Bretanha, a grande maioria de seus membros era infralapsariana, sendo Gomarus e Voetius os principais defensores do conceito oposto. Os cânones daquele Sínodo, ainda que evitando toda declaração extremada, foram redigidos de tal maneira que se conferiu uma autoridade simbólica à doutrina infralapsariana. Dizem eles:2 "Cum omnes homines in Adamo peccaverint et rei sint facti maledictionis et mortis aeternae, Deus nemini fecisset injuriam, si universum genus humanum in peccato et maledictione relinquere, ac propter peccatum damnare voluisset".

A mesma observação se aplica à Assembléia de Westminster. Twiss, o Prolocutor daquela venerável corporação, era um zeloso supralapsariano; porém a grande maioria de seus membros militava no campo oposto. Os sínodos daquela Assembléia, ainda que impliquem claramente a posição infralapsariana, foram, não obstante, redigidos de tal maneira que evitaram constituir uma ofensa para os que abraçavam a teoria supralapsariana. Na "Confissão de Westminster",3 diz-se que Deus designou os eleitos para a vida eterna, e "o resto da humanidade aprouve a Deus, segundo o inescrutável conselho de sua própria vontade, por meio do qual ele estende ou retém a misericórdia como lhe apraz, para a glória de seu soberano poder sobre suas criaturas, para ignorá-los e destiná-los a desonra e ira em virtude de seus pecados, para o louvor de sua gloriosa justiça". Aqui somos ensinados que aqueles que Deus ignora são "o resto da humanidade"; não o resto de homens ideais ou possíveis, mas o resto daqueles serem humanos que constituem a humanidade, ou a raça humana.

Em segundo lugar, a passagem citada ensina que os não-eleitos são ignorados e ordenados à ira "em virtude de seus pecados". Isso implica que foram contemplados como pecaminosos antes dessa predestinação para juízo. O conceito infralapsariano prossegue sendo mais evidentemente pressuposto nas respostas às perguntas 19 e 20 do "Breve Catecismo". Ali se ensina que toda a humanidade perdeu, pela queda, a comunhão com Deus, e que se acha sob ira e maldição, e Deus, por seu mero beneplácito, elegeu alguns (Alguns daqueles que estavam sob sua ira e maldição) para a vida eterna. Essa foi a doutrina da grande maioria dos agostinianos desde o tempo de Agostinho até a atualidade.

Objeções ao Supralapsarianismo

As objeções mais óbvias à teoria supralapsariana são:

(1.) Que envolve certa contradição. De um Non Ens, como diz Turrettin, não se pode determinar nada. O propósito de salvar ou de condenar deve seguir necessariamente, na ordem do pensamento, o propósito de criar. O último é pressuposto pelo primeiro.

(2.) É um principio bíblico claramente revelado que, onde não há pecado, também não há condenação. Portanto, não pode haver predestinação para a morte que não contemple seu objeto como pecaminoso.

(3.) Parece óbvio, à luz de todo o argumento do Apóstolo em Romanos 9.9-21 que a "multidão" da qual alguns são escolhidos e outros, deixados, é a massa de homens caídos. O propósito do escritor sacro é vindicar a soberania de Deus na dispensação de sua graça. Ele tem misericórdia de um e não de outro, segundo seu próprio beneplácito, portanto todos são igualmente indignos e culpados. A vindicação é extraída não só da relação de Deus com suas criaturas, como seu Criador, mas também de sua relação com elas como seu soberano, cujas leis elas têm violado. Essa descrição permeia todas as Escrituras. Diz que os crentes foram escolhidos "do mundo"; ou seja, dentre a massa de seres humanos caídos. E em todas as partes, como em Romanos 1.24, 26, 28, declara-se a reprovação como sendo de caráter judicial, baseada na pecaminosidade de seus objetos. De outra maneira, não poderia ser uma manifestação da justiça de Deus.

(4.) A criação nunca é descrita na bíblia como um meio para executar o propósito da eleição e da reprovação. Isso, como já se observou com justiça, não pode ser feito. Os objetos da eleição são indivíduos concretos, como se admite nesta controvérsia. Mas o único que distingue entre meros homens possíveis ou "criáveis" e indivíduos concretos, que com certeza seriam criados e salvos ou perdidos, é o propósito divino de que serão criados. De maneira que o propósito de criar necessariamente precede, na ordem da natureza, o propósito de redimir. Por isso em Romanos 8.29, 30 se declara que... "
Aos que de antemão conheceu, também os predestinou."

O conhecimento antecipado, porém, implica a existência definida de seus objetos; e a certeza da existência pressupõe por parte de Deus o propósito de criar. Nada existe ou deve existir senão em virtude do decreto daquele que ordena previamente o que há de suceder. Toda futurização, portanto, depende da ordenação prévia; e o conhecimento antecipado pressupõe futurização. Temos, portanto, a autoridade do Apóstolo para dizer que o conhecimento antecipado, baseado no propósito de criar, precede a predestinação. E, portanto, a criação não é um meio para executar o propósito da predestinação, porque o fim tem de preceder os meios; e, segundo Paulo, o propósito de criar precede o propósito de redimir, e portanto não pode ser um meio pra um fim. Somos informados que nosso Senhor foi entregue à morte
"pelo determinado desígnio e presciência de Deus".

Sua morte, porém, necessariamente pressupunha sua encarnação, e por isso, na ordem do pensamento, ou no plano de Deus, o propósito de preparar-lhe um corpo precedeu o propósito de entregá-lo á morte da cruz. A única passagem da bíblia que parece ensinar explicitamente que a criação é um meio para execução do propósito da predestinação é Efésios 3.9, 10. Ali, segundo alguns, somos informados que Deus criou todas as coisas a fim de que sua multiforme sabedoria fosse dada a conhecer por meio da igreja. Se esta é a relação entre as varias cláusulas desses versículos, o Apóstolo ensina que o universo foi criado a fim de que, por meio de pessoas remidas (a Igreja), a glória de Deus fosse revelada a todas as criaturas racionais. Neste sentido, e neste caso, declara-se a criação como sendo um meio para a redenção; e portanto o propósito de redimir tem de preceder o propósito de criar.

Apesar disso, não é esta a conexão lógica das cláusulas nesta passagem. Paulo não diz que Deus criou todas as coisas a fim de que. Ele não se refere ao desígnio da criação, mas ao desígnio do evangelho e de sua própria vocação para o apostolado. A mim, diz ele, me foi dada esta graça de pregar entre os gentios as insondáveis riquezas de Cristo, e iluminar a todos os homens no conhecimento do mistério (da redenção), a fim de que, por meio da Igreja, seja dada a conhecer a multiforme sabedoria de Deus. Esta é a conexão natural da passagem, e a interpretação adotada pelos comentaristas modernos, com independência total da relação que tenha a passagem com a controvérsia supralapsariana.

(5.) Uma objeção adicional ao sistema supralapsariano relaciona-se ao fato de que ele é inconsistente com a exibição bíblica do caráter de Deus. Ele é declarado como Deus de misericórdia e justiça. Mas não é compatível com esses atributos divinos que os homens sejam predestinados à desgraça e à morte eterna como inocentes, ou seja, antes que houvessem apostatado de Deus. Se são deixados de lado e predestinados a morte por seus pecados, isso se deveria ao fato de que, na predestinação, eles são considerados criaturas culpadas e apostatadas.

O Infralapsarianismo

Segundo a doutrina infralapsariana, Deus, com o desígnio de revelar sua própria glória, ou seja, as perfeições de sua própria natureza, decidiu criar o mundo; em segundo lugar, permitiu a Queda do homem; em terceiro, elegeu, dentre a massa de seres humanos caídos, uma multidão que ninguém poderia contar como "vasos de misericórdia"; quarto, enviou seu Filho para a redenção desses seres; e, quinto, deixou que o restante da humanidade, como deixara os anjos apóstatas, sofresse o justo castigo por seus pecados.

Os argumentos em favor deste ponto de vista sobre o plano já foram apresentados na forma de objeções à teoria supralapsariana. Não obstante, pode-se observar adicionalmente:

1. Que esta teoria é coerente e harmoniosa. Como todos os decretos de Deus constituem um propósito inclusivo, não se pode admitir nenhum ponto de vista da relação dos detalhes abraçando este propósito que não possa ser reduzido a uma unidade. Em todo grande mecanismo, seja qual for a quantidade ou complexidade das partes que o constituem, é preciso haver unidade de desígnio. Cada parte tem uma relação determinada com as outras partes, e faz-se necessário a percepção desta relação para a compreensão adequada do todo. Além disso, como os decretos de Deus são eternos e imutáveis, nenhum conceito sobre o seu plano de ação que supunha que primeiramente ele propôs uma coisa e em seguida outra pode ser coerente com a natureza desses decretos. E como Deus é absolutamente soberano e independente, todos os seus propósitos hão de ser determinados de dentro, ou conforme o conforme o conselho, de sua própria vontade. Não se pode presumir que eles sejam contingentes ou suspensos com base na ação de suas criaturas, nem com base em coisa alguma externa a ele mesmo.

O esquema infralapsariano, tal como o mantêm a maioria dos agostinianos, cumpre todas as condições. Todos os particulares constituem um todo inclusivo. Todos seguem uma ordem que não pressupõe mudança nenhuma de propósito. Todos dependem da vontade infinitamente sábia, santa e justa de Deus. É para este fim que ele cria o mundo, que permite a Queda; dentre todos os homens, ele elege alguns para a vida eterna e deixa o restante entregue à justa retribuição que merecem seus pecados. Aos que elege, ele os chama, justifica e glorifica. Esta é a cadeia de ouro cujos elos não podem ser quebrados nem transpostos. Esta é a forma na qual o esquema da redenção aparecia na mente do Apóstolo, tal como ele nos ensina em Romanos 8.29-30.

Diferentes Significados Designados à Palavra Predestinação

2. A palavra predestinação é ambígua. Pode ser empregada, primeiramente, no sentido geral de preordenação. Neste sentido, tem referência idêntica a todos os acontecimentos; porque Deus ordena antecipadamente tudo o que acontece. Em segundo lugar, pode referir-se ao propósito geral da redenção sem referência especifica a indivíduos concretos. Deus predeterminou revelar seus atributos na redenção dos pecadores, como predeterminou criar os céus e a terra para manifestar seu poder, sabedoria e benevolência. Em terceiro lugar, é geralmente usada na teologia para expressar o propósito de Deus em relação à salvação dos homens individualmente. Inclui a seleção de uma porção da raça humana para ser salva, enquanto o restante é deixado para perecer no pecado. É neste sentido usada pelos supralapsarianos, que ensinam que Deus selecionou determinado número de seres humanos para serem criados e destinados como vaso de ira. E dessa forma subordinam a criação à predestinação como um meio para um fim. É a esse respeito que os infralapsarianos objetam como sendo algo inconcebível, repugnante à natureza de Deus e antibíblico.

Não obstante tomando a palavra predestinação no segundo dos sentidos supramencionados, pode admitir-se que ela precede, na ordem do pensamento, o propósito de criar. Este ponto de vista é perfeitamente consistente com a doutrina que faz do homem, como criado e apostatado, objeto da predestinação no terceiro e comumente aceito significado da palavra. O apostolo ensina em Colossenses 1.16 que todas as coisas, visíveis e invisíveis, foram criadas por Aquele e para Aquele que é a imagem do Deus invisível, o qual é antes de todas as coisas, por quem existem todas as coisas, e que é a cabeça do corpo, a Igreja. O fim da criação, portanto, é não meramente a glória de Deus, mas a manifestação especial dessa glória na pessoa e na obra de Cristo. Visto ser ele o Alfa, assim também é o Ômega; o começo e o fim. Tendo em vista este grande fim, a revelação de si mesmo na pessoa e obra de seu Filho, ele propôs criar, permitir a queda, eleger alguns para serem objetos de sua graça e deixar os demais em seus pecados.

Esta visão, como bem parece, concorda com as descrições das Escrituras e evita as dificuldades conectadas com a doutrina estritamente supralapsariana. É preciso ter em mente que o objeto dessas especulações não é intrometer-se na operação da mente divina, mas simplesmente certificar-se de e exibir a relação que as várias verdades reveladas na Escritura concernentes ao plano da redenção mantêm entre si.

1 Niemeyer, Collectio Confessionum, p.249.
2 Caput I, Art. 1; Acta Synodi, edição de Dort, 1620, p. 241.
3 Caput III, Art.6, 7; Acta Synodi, edição de Dort, 1620.

Teologia Sistemática de Charles Hodge p. 719-723
Editora Hagnos

domingo, 1 de abril de 2007

Missões: resultado de avivamento


J. Oliveira

Que coragem! Enfrentar em sua geração (1792) um grupo de pastores que nem sequer reconhecia a relevância da Grande Comissão não foi tarefa fácil. Contudo, William Carey, considerado o Pai das Missões Modernas, não se intimidou e encarou a batalha. Sua paixão pelo Cordeiro e sua ousadia em defesa da pregação do evangelho o conduziram em tamanho confronto. Certamente não lhe faltaram argumentos, sua resposta à questão não se limitou a uma carta ou a um sermão.

Ele escreveu um livro(1) de desafio missionário que não somente respondeu aos pastores, mas produziu grande impacto em sua época, dando início ao que nós conhecemos hoje como movimento moderno de missões. Um dos aspectos que nos surpreende na experiência de Carey é que ele não começou defendendo a causa da Grande Comissão diante da liderança de um governo, de uma classe social ou de um grupo étnico, mas da liderança de uma igreja. Não parece paradoxal alguém enfrentar um grupo de pastores a fim de convencê-los de que o evangelho deve ser anunciado aos perdidos? Não é a Bíblia um livro missionário? Não é a igreja uma agência do reino de Deus para o mundo?

De qualquer forma, a verdade é que um dos momentos mais marcantes do movimento moderno de missões aconteceu a partir de um confronto com uma liderança eclesiástica. Esse fato aponta para a evidência de que, em diversos momentos da história, convencer a Igreja de sua responsabilidade missionária tem sido um desafio maior do que convencer os povos de sua necessidade do evangelho. Na verdade, o problema é antigo. Mesmo na experiência dos apóstolos, observamos que enquanto o centurião Cornélio estava pronto para obedecer à visão celestial e receber o evangelho: "Agora pois estamos todos aqui presentes diante de Deus, para ouvir tudo quanto te foi ordenado pelo Senhor" (At. 10.33), a igreja primitiva ainda disputava se o evangelho deveria ou não ser anunciado aos gentios: "Ora, ouviram os apóstolos e os irmãos que estavam na Judéia que também os gentios haviam recebido a palavra de Deus. E quando Pedro subiu a Jerusalém, disputavam com ele os que eram da circuncisão" (At 11.1,2).

O que é mais intrigante é que se a natureza da Igreja é uma natureza missionária, parece não fazer sentido que se tenha que se conscientizar a Igreja de sua responsabilidade de pregar o evangelho aos perdidos. Diante desse contra-ponto somos conduzidos a outras interrogações: o que faz a igreja se demonstrar indiferente diante da ordem divina para fazer discípulos de Cristo em todas as nações? O que será que impede a igreja de se envolver na tarefa da evangelização mundial? Certamente não é tarefa fácil tentar responder a todos esses questionamentos.

Todavia, há mais de cem anos, Andrew Murray, ao descrever a falta de envolvimento da igreja com o trabalho missionário, parece sintetizar o problema apontando para uma única resposta. No livro A Chave Para o Problema Missionário ele defende que a razão central porque os cristãos não se envolvem com a causa missionária é a falta de avivamento. Na concepção dele, se não há comprometimento com Deus, o resultado é falta de comprometimento com missões: "O entusiasmo pelo reino de Deus está faltando. E isto é porque há tão pouco entusiasmo pelo Rei". No prefácio do mesmo livro, o pastor Edson Queiroz reforça a idéia apresentada por Murray e ao comentar sobre a vida espiritual de uma igreja ele observa: "Se tem vida, tem missões!"

Considerando ainda o assunto, o pastor John Piper defende também que onde quer que a paixão por Deus seja fraca o zelo por missões terá a mesma intensidade e vice e versa.Desta maneira, o cerne do problema quanto à obediência da Igreja em relação à Grande Comissão não é outro senão de ordem espiritual. Isso nos garante que a tarefa de proclamação do evangelho aos povos não-alcançados somente se tornará uma realidade na vida da igreja, se ela for alvo constante do avivamento divino. Afinal, se não houver paixão pelo Cordeiro, como haverá paixão pela causa do evangelho? Não restam dúvidas de que Deus é um Deus missionário, de que a Bíblia é um livro missionário e de que a igreja é a agência do reino de Deus para as nações. Entretanto, ao encarar os desafios missionários que Deus tem confiado à nossa geração precisamos rogar ao Pai que Ele nos limpe com a Sua Palavra, que nos preencha com Seu Espírito, que nos sustente com a Sua graça e que nos use entre as nações para a glória do Seu nome.




"Aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos; fazei que ela seja conhecida no meio dos anos" (Hb. 3.2).


Autor: J.Oliveira


Artigo extraído do site www.miaf.org.br




Referências:
1. MURRAY, Andrew. A Chave Para o Problema Missionário. Camanducaia: Editora Missão Horizontes, 1999.
2. PIPER, John. Alegrem-se os Povos: A Supremacia da Graça de Deus em Missões. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001.
3. Winter, Ralph D. / Hawthorne, Steven C. Missões Transculturais: Uma Perspectiva Bíblica. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1987.

(1) O livro publicado tinha o seguinte título: Uma Tentativa Humilde para Promover um Acordo Explícito e uma União Visível do Povo de Deus pelo Mundo, em Oração Extraordinária, pelo Reavivamento da Religião e o Avanço do Reino de Cristo na Terra, Conforme as Promessas e Profecias das Escrituras, Referentes aos Últimos Tempos.